Há um ano, havia 70% mais suco de laranja disponível nos estoques brasileiros. Quem confirma é a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR). A associação destaca que no último dia do semestre de 2016 havia 350 mil de toneladas de suco de laranja concentrado congelado. No mesmo período deste ano, foram ‘apenas’ 107 mil toneladas.
Mesmo sendo o maior produtor do gênero no mundo, “este montante de estoque em 30 de junho de 2017 não é sustentável em longo prazo e está em patamar um inferior ao mínimo técnico necessário”, constata o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto.
O problema atinge principalmente as exportações, uma vez que 97% da produção brasileira de suco de laranja é exportada, e deve continuar no próximo ano.
Segundo relatório divulgado pela CitrusBR, os estoques de suco de laranja devem se manter perto do limite até o ano que vem. “Os estoques projetados para 2018, caso se confirmem, serão suficientes para repor níveis mínimos de armazenamento, mas ainda em patamares realmente muito baixos”, conclui o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto. Ou seja, uma quebra de safra poderia zerar o estoque nacional.
Fazendo as contas
Pelo cálculo da associação, se a demanda se mantiver estável, haverá um estoque de 207,5 mil toneladas no Brasil ao final do primeiro semestre de 2018.
“Levando-se em conta que a demanda externa é estimada em 1.037.834 (de toneladas), com base na média das três últimas safras reportadas pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior), enquanto a demanda interna deve ficar em torno de 69.000 toneladas, temos uma demanda total estimada de 1.106.834 toneladas”, aponta relatório divulgado pela CitrusBR.
O ‘desastre’ atual aconteceu por conta das condições climáticas desfavoráveis durante a produção da última safra, encerrada em abril. O principal parque citrícola do Brasil, no eixo São Paulo-Minas Gerais, produziu 18% a menos laranjas - 245 milhões de caixas contra 300 milhões da safra anterior, segundo o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitros). O resultado foi o pior em quase 30 anos: desde a safra 1989/90 os resultados não eram tão ruins.
Na contramão do problema, o estado do Paraná deve colher mais laranjas neste ano, mas não o suficiente para ‘salvar a lavoura’ nacional.