O número de pessoas que necessitam de ajuda alimentar cresceu em 2016 por causa de conflitos na África e no Oriente Médio, de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), divulgado nesta quinta-feira.
Entre os 39 países que necessitam de assistência externa para satisfazer suas necessidades, 21 citaram os conflitos civis e as suas consequências, incluindo movimentos de refugiados, entre as principais causas da crise alimentar enfrentada por eles, de acordo com o documento.
A Síria é um dos países mais atingidos: 9,4 milhões de pessoas necessitam de assistência alimentar por causa do conflito. A produção de trigo deverá ser 55% menor este ano que antes da crise.
No Iêmen, o conflito “fez aumentar o número de pessoas que sofrem de insegurança alimentar, atingindo 14,2 milhões de pessoas em junho”, indicou a FAO, sem fornecer números exatos.
O mesmo acontece no Iraque e no Afeganistão.
Na África, a Nigéria, com mais de 8 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar, é um dos países em situação mais crítica. Longe de melhorar, o problema deve piorar: espera-se que em agosto de 2017, 11 milhões de pessoas estejam nesta situação.
Os conflitos no norte “reduziram o plantio, enquanto a acentuada depreciação da naira fez subir os preços dos alimentos e afetou o comércio regional”, informa o relatório.
Em paralelo, as perspectivas agrícolas mundiais melhoraram “devido às condições em geral favoráveis para os cultivos”, apesar da ameaça dos problemas entre as duas colheitas em um futuro próximo, prevê a FAO.
“As previsões agrícolas anunciam colheitas abundantes de cereais, mas a fome provavelmente vai aumentar em algumas regiões durante as temporadas de escassez de víveres, antes que os novos cultivos estejam maduros”, indica o organismo da ONU.
No sul da África, onde os efeitos do El Niño contribuíram para reduzir a produção agrícola em 2016, “espera-se que o número de pessoas que necessitam de assistência externa de janeiro a março de 2017 aumente significativamente em comparação com o mesmo período do ano passado”, observa a FAO.
As taxas de atraso no crescimento infantil são “significativamente elevadas” em áreas problemáticas, como Madagascar, Malawi e Moçambique, de acordo com o relatório.