Dono de uma das maiores fortunas do agronegócio no Brasil, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, decidiu não apenas deixar a política a partir de 31 de dezembro, quando sairá do comando do ministério. À frente do Grupo Amaggi, uma das maiores empresas do setor, Blairo resolveu também não fazer doações para políticos neste ano.
“Essa foi uma decisão familiar. Ninguém da minha família ligada ao grupo Amaggi fará doação eleitoral este ano”, afirmou o ministro. Blairo justificou a decisão afirmando que doações eleitorais se tornaram um tema complicado no Brasil.
“Quando faço doação, tem de explicar. Quando não faço, tem de explicar também. Isso mostra a situação complicada da política hoje no Brasil”, disse ele, que responde a inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por caixa 2 na campanha de 2006. A acusação foi feita em delação por ex-executivos da Odebrecht.
Nas campanhas de 2014, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Blairo Maggi doou, como pessoa física, R$ 250 mil para financiar a campanha de seu amigo e compadre Adilton Domingos Sachetti (PRB-MT), que foi eleito deputado federal e que, neste ano, tenta uma vaga no Senado.
O Estado fez um levantamento sobre as doações que os Maggi fizeram a campanhas em 2014, apenas como pessoa física - nas eleições daquele ano, ainda era permitido também doação empresarial. O valor total chega a R$ 5,4 milhões, dos quais mais da metade - R$ 2,815 milhões - foram direcionados à campanha de Pedro Taques (PSDB) para o governo do Mato Grosso. Taques foi eleito e, neste ano, tenta a reeleição.
A decisão de Blairo não se estende a alguns membros da família que controlam outras empresas. Elizeu Zulmar Maggi Sheffer, primo de Blairo e dono do Grupo Scheffer, transferiu R$ 10 mil para a campanha de Ícaro Francisco Severo (PSDB) a deputado estadual pelo Mato Grosso. Filho de Elizeu, Guilherme Mognon Sheffer colocou R$ 100 mil na campanha de Carlos Fávaro (PSD), que tenta uma das vagas ao Senado pelo Estado.
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