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ameaça à produtividade

Doença africana ataca lavouras de milho no Paraná

Aspecto da folha de milho no estágio inicial da doença | Divulgação/Iapar
Aspecto da folha de milho no estágio inicial da doença (Foto: Divulgação/Iapar)

Uma doença bacteriana do milho, que até 2016 estava restrita às lavouras da África do Sul, foi diagnosticada oficialmente em território brasileiro e já atinge níveis epidêmicos em regiões do Oeste, Centro-Oeste e Norte do Paraná.

A estria bacteriana do milho, causada pela bactéria Xanthomonas vasicola pv. vasculorum, tem potencial para reduzir à metade o rendimento de grãos em híbridos de milho altamente suscetíveis, segundo o pesquisador Adriano de Paiva Custódio, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Por ser uma praga nova, ainda não se sabe de defensivos químicos comprovadamente eficazes contra a doença.

A rápida disseminação da bactéria levou o Iapar, o Ministério da Agricultura e a Cooperativa Agropecuária Consolata (Copacol) a convocarem uma reunião técnica na quinta-feira (12/07), para discutir estratégias de prevenção e controle. “Precisamos descobrir, principalmente entre os principais híbridos do mercado, quais são os mais susceptíveis à doença. O Iapar pode trabalhar para atender esta demanda, uma vez que tem a infraestrutura de pesquisa e já está com a bactéria isolada, mas vai depender do interesse do setor privado”, diz Custódio.

A ocorrência foi constatada primeiramente em áreas experimentais do Centro de Pesquisa Agrícola da Copacol, no município de Cafelândia. “Em 2016, percebemos plantas com lesões diferentes do que estávamos acostumados, mas não era um problema evidente e pensamos se tratar de uma doença secundária”, disse o engenheiro-agrônomo Tiago Madalosso.

Nesta safra o problema se apresentou com maior intensidade. “Verificamos áreas com grande pressão da doença, embora ainda sem registrar comprometimento significativo da produtividade”, acrescenta Madalosso.

Após a análise de plantas doentes encaminhadas ao Iapar, a presença da nova doença em território paranaense foi confirmada e notificada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

A estria bacteriana do milho já foi registrada na região Oeste (municípios de Cafelândia, Corbélia, Nova Aurora, Palotina, Santa Tereza do Oeste, Toledo e Ubiratã), Centro-Oeste (Campo Mourão e Floresta) e Norte (Londrina, Rolândia, Sertanópolis e Mandaguari).

Rápida expansão

O primeiro registro da estria bacteriana em lavouras de milho se deu em 1949, na África do Sul.

Após décadas circunscrita ao continente africano, foi detectada nos Estados Unidos em 2016, onde se encontra atualmente disseminada em pelo menos oito estados. “Em regiões do Colorado, Kansas e Nebraska, o nível de incidência passou de 90%, com severidade chegando a 50% da área foliar”, aponta Leite.

Em 2017 a doença foi reportada na Argentina, de onde provavelmente chegou ao Brasil, pela proximidade. Avaliações preliminares constataram a doença em mais de 30 híbridos cultivados nesta segunda safra, inclusive nos transgênicos. O milho pipoca também é suscetível.

A bactéria pode se propagar nas lavouras por meio da chuva, vento, água de irrigação e equipamentos como tratores, implementos, colheitadeiras e caminhões. Também pode sobreviver de uma safra para outra na palhada e restos de culturas, ou mesmo em outras plantas hospedeiras, invasoras ou cultivadas – espécies como arroz e aveia são suscetíveis à doença. “Já o potencial de disseminação por sementes ainda não está totalmente esclarecido”, salienta Leite.

O uso de sementes idôneas e de cultivares menos suscetíveis, a desinfecção de equipamentos, a adoção da rotação de cultivos e a destruição de restos de cultura são as principais práticas de controle. Sobre o controle químico, ainda não há produtos testados especificamente para a bactéria.

Como ação emergencial, os pesquisadores defendem o investimento em testes nas principais cultivares de milho atualmente disponíveis no mercado, juntamente com a avaliação de produtos químicos registrados para a cultura que podem ter efeito bactericida e bacteriostático.

A reunião técnica para debater as implicações da nova doença para a cadeia produtiva acontece em Londrina, nesta quinta, às 13h, na sede do Iapar (Rodovia Celso Garcia Cid, km 375 – saída para Curitiba).

A participação é gratuita, mas é preciso confirmar presença pelo e-mail eventos@iapar.br até quarta-feira (11).

Serviço

Reunião técnica – “Estria bacteriana do milho: uma nova doença em lavouras do Paraná”
Data: quinta-feira, 12 de julho
Horário: 13 horas
Local: sede do Iapar, em Londrina (Rodovia Celso Garcia Cid, km 375 – saída para Curitiba)
Programa:
13h - Abertura
14h - Estria bacteriana em lavouras de milho no Oeste do Paraná (Tiago Madalosso, Copacol)
14h30 - Sintomatologia, epidemiologia e potencial de dano econômico (Adriano de Paiva Custódio, Iapar)
15h - A doença e caracterização do patógeno Xanthomonas vasicola pv. vasculorum (Rui Pereira Leite Jr., Iapar)
15h50 - Distribuição geográfica e medidas para prevenção e contenção (Viviane Barbosa, Mapa; Juliano Galhardo, Adapar)
16h20 - Debate/Encerramento

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