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Segundo o Deral, já foram colhidos mais de 30% do milho safrinha do estado. | Fotos: Dirceu Portugal/Gazeta do Povo
Segundo o Deral, já foram colhidos mais de 30% do milho safrinha do estado.| Foto: Fotos: Dirceu Portugal/Gazeta do Povo

Depois de bater recordes, o preço do milho começou a perder força com a entrada da segunda safra, em fase de colheita. No Paraná, segundo maior produtor da cultura, o preço médio da saca de 60 kg caiu de R$ 42 para R$ 33,89 nos últimos 30 dias, de acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab). Uma queda de 20%.

Na esperança de lucrar mais, produtores paranaenses estão armazenando o grão. Na região de Campo Mourão, no Centro Oeste do estado, Ademir Walker conta que colheu 11 mil sacas de milho, mas vendeu apenas 2,5 mil. “O preço estava excelente, mas comecei a colher e a cotação despencou”, reclama. Sem pressa, Walker afirma que vai esperar por cotações mais atrativas. “Na época da colheita é normal essa queda, acredito que em outubro os preços voltem a subir”.

43 milhões

de toneladas. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), este deve ser o tamanho da produção de milho safrinha neste ano. Com 11,4 milhões de toneladas, o Paraná é o segundo maior produtor da cultura de inverno, atrás apenas de Mato Grosso, que deve produzir 15,6 milhões de toneladas.

O produtor Delair Legnani diz que vai esperar preços melhores para vender a produção.

Outro produtor da região, Delair Legnani diz que vai seguir a mesma estratégia: esperar. Ele conta que quando o milho estava em alta, tentou colher, mas não conseguiu por causa da umidade. “O desconto de preço na cooperativa não compensava”. Legnani acredita que a falta do produto no mercado mundial vai acelerar a alta nos preços. “Após o final da colheita, o preço vai disparar novamente. Vou esperar para vender toda a produção”, conta.

Com os preços recordes do começo do ano, o produtor Jorge Oliveira ficou animado e não pensou duas vezes antes de plantar o milho safrinha. No entanto, ficou decepcionado com a recente queda. “A saca por R$ 32 não dá nem para negociar. Vou estocar toda a produção e ficar de olho no mercado”, diz.

Segundo o analista especializado em milho da consultoria Safras & Mercado, Paulo Molinari, a estocagem da produção do milho safrinha é uma tendência, principalmente para o produtor capitalizado que viu o que aconteceu no ano passado, quando preço do cereal estava baixíssimo e disparou. “Neste caso, é natural o produtor reter o estoque para tentar conseguir preços melhores”, explica.

O analista de mercado da Granopar, Aldo Lobo, diz que a estratégia é normal depois da colheita, mas não é garantia de negócios mais lucrativos. “Sim, ainda existe espaço para a cotação reagir e subir, mas não há como garantir isso”, afirma.

Colheita

Segundo o Deral, já foram colhidos mais de 30% do milho safrinha do estado. A expectativa é de uma colheita de 11,408 milhões de toneladas, 700 mil toneladas a menos que as 12,134 milhões de toneladas esperadas no início da colheita e 1% inferior ao produzido em 2014/2015, de 11,569 milhões de toneladas. A estimativa caiu por causa da estiagem em abril e das geadas em junho. Segundo o analista do Departamento de Economia Rural (Deral), Edmar Gervásio, a colheita do milho safrinha está num ritmo bom, dentro da normalidade. “Os últimos dias, de tempo firme e seco, estão ajudando”, explica.

Baixa do milho ainda não amenizou situação dos frigoríficos

Aproximadamente 40% do custo de produção de aves e suínos é com ração. No entanto, mesmo que o preço do milho esteja em queda, o setor ainda não está animado. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, o primeiro semestre deste ano foi tão ruim, que o impacto da redução no preço do cereal ainda não fez efeito. “Todas as empresas, frigoríficos, estão fechando postos de trabalho, cortando turnos, diminuindo a produção. Será necessário muito mais para as coisas melhorarem”, afirma.

Para Turra, não foi só o preço da ração que moldou este cenário. “A recessão econômica provocou queda na demanda interna”, diz.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, afirma que é cedo para falar em compensação. “Estamos passando por um momento de reavaliação. Queremos realinhar nossos preços internamente. O frango está mais barato do que qualquer outra carne. E isso é um absurdo”, protesta.

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