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Geada congela os ânimos dos produtores de feijão e causa perdas no Paraná

Na lavoura da família Dalla Vecchia, em Mangueirinha, no Sudoeste do Paraná, os termômetros apontaram marcas negativas nesta sexta-feira (28). | Andréia Dalla Vecchia/Arquivo Pessoal
Na lavoura da família Dalla Vecchia, em Mangueirinha, no Sudoeste do Paraná, os termômetros apontaram marcas negativas nesta sexta-feira (28). (Foto: Andréia Dalla Vecchia/Arquivo Pessoal)

A geada que atingiu parte do Paraná nesta sexta-feira (28) deixa produtores rurais do Sudoeste do estado apreensivos. O feijão que crescia com potencial produtivo recorde foi atingido pela formação do fenômeno meteorológico. Ainda não é possível ter uma dimensão exata de como as lavouras foram afetadas, mas o Sindicato Rural de Pato Branco, por exemplo, diz que perdas são inevitáveis.

Oradi Francisco Caldato, presidente do Sindicato Rural de Pato Branco, diz que quando ocorrem geadas é preciso esperar alguns dias para ter noção da extensão do prejuízo. Mas pelos relatos e fotos que chegaram para ele é possível dizer que as perdas devem ficar em uma faixa entre 30% e 50% das lavouras da região. “Tem estrago com toda a certeza e em milho também. Hoje, 70% do milho [segunda safra] da região está em fase vulnerável e com essa geada pode azedar”, relata.

De acordo com estimativas do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), a região de Pato Branco tem nesta temporada 60 mil hectares dedicados ao feijão e 30 mil hectares ao milho. Caldato, que também cultiva feijão, diz que até agora os produtores estavam esperando uma das maiores produtividades da história. “Eu falo pelos nossos 110 hectares. Tínhamos um feijão nunca visto até então na nossa propriedade e olha que eu nasci lá. Nunca o tempo tinha corrido tão bem até aqui, não tinha sobrado e nem faltado chuva. Era feijão para mais de 3,5 mil kg [58 sacas] por hectare”, lamenta.

O presidente do Instituto Brasileiro do Feijão (Ibrafe), Marcelo Luders, diz que houve registro de geadas, com intensidades variadas, em uma faixa que vai desde o Sudoeste do Paraná até a Região Metropolitana de Curitiba. Ele também enfatiza que é necessário um período de alguns dias para verificar os estragos causados pela geada nas lavouras, mas adianta que, pelo histórico, quando ocorrem episódios assim, há perda de produtividade. “Não importa qual seja a temperatura, abaixo de 8ºC, já há perdas, pois isso alonga o ciclo, causa uma série de mudanças nas plantas”, explica.

De olho no feijão preto

A área atingida pela geada desta sexta-feira (28) tem mais lavouras de feijão preto, segundo Luders. Ele explica que nessa safra os produtores de modo geral apostaram um pouco mais nessa variedade. De acordo com o presidente do Ibrafe, é preciso, sempre que se fala em feijão, levar em consideração a variedade, pois cada uma tem compradores e preços distintos. “Se falou muito em safra recorde de feijão no Brasil, mas o tamanho da safra deve ser parecido com o de 2015”, exemplifica. A segunda safra de feijão no país, que é a que está em desenvolvimento agora, deve ficar em torno de 1,2 milhão de toneladas, com 650 mil toneladas de feijão carioca e o restante de outras variedades, inclusive o preto.

Vídeo

Um produtor rural da região de Mangueirinha postou um vídeo na internet sobre a situação que encontrou a lavoura de feijão nesta sexta-feira (28). Assista abaixo:

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