Com Chicago a US$ 9,6/bushel, como sugere o USDA, a saca de 60 quilos de soja no Brasil teria preço médio de US$ 21,17.| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Com as cotações internacionais pressionadas por safras cheias e estoques mundiais em alta, ao produtor brasileiro resta a esperança de um câmbio melhor. Se depender da expectativa do USDA, o departamento de agricultura dos Estados Unidos, em 2017 os preços das commodities agrícolas não serão muito diferentes de 2016. Pela estimativa apresentada pelo economista-chefe do USDA, Robert Johansson, soja e milho ganham US$ 0,10/bushel. Conforme previsão do USDA, apresentada durante o encerramento do Agricultural Outlook Forum, as cotações médias serão de US$ 9,60 e US$ 3,50/bushel, respectivamente.

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Com Chicago a US$ 9,6/bushel, como sugere o USDA, a saca de 60 quilos de soja no Brasil teria preço médio de US$ 21,17. Com o câmbio atual de R$ 3,10, uma cotação de R$ 65,60/saca que não considera frete, prêmio e outras variáveis de custo produção e escoamento. Se o câmbio for a R$ 3,50, nessa mesa conta e referência de Chicago e do USDA, essa mesma saca iria a R$ 74. Assim, ao lado do clima e do mercado, o ano agrícola e a rentabilidade do campo em 2017 no Brasil será movido, em boa parte, pela política cambial. No milho, os US$ 3,5/bushel equivalem a US$ 7,66 ou R$ 23,75/saca.

O cenário só não é pior pelas exportações, que estão aquecidas. Rachel Trego, economista da área internacional do USDA, disse “a demanda alta contribui para reduzir o impacto dos estoques elevados nos preços”. Em uma apresentação na manhã desta sexta-feira, Raquel explicou que, pelo menos por enquanto, a expectativa de redução na área e produção de milho e aumento na área de soja é fato para a temporada 2017/18. Contudo, existe uma chance mínima disso mudar. “Quem decide o mercado agora é Brasil e Argentina”, sentenciou.

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Com ganhos de 2,9% e 1,1% em relação à média verificada no ano passado na Bolsa de Chicago, mesmo positiva a variação nas cotações não atende a necessidade mínima de rentabilidade do produtor norte-americano, que reduz cada vez mais suas margens. Isso quando existe alguma margem. Para o produtor brasileiro não seria diferente, não fosse a variável cambial. Componente que, embora tenha se mostrado frágil na garantia de preço, o dólar ainda consegue deixar a conta no positivo.

A estagnação ou depreciação nas cotações internacionais são motivadas em parte pela relação de estoque/dias de consumo, que segue em alta para soja, milho e trigo. Soja na casa dos 90 dias; milho acima de 75 dias; e trigo, 130 dias.

Exportação Soja e Milho

No painel sobre grãos, Raquel Trego surpreendeu a plateia quando reduziu as exportações de milho dos Estados Unidos para 2017/18. Segundo a economista, os embarques do cereal pelo país são estimados em 1,9 milhão de bushels. O volume é 15% menor que os 2,22 milhões de bushels exportados na temporada 2016/17. A se confirmar, em toneladas os Estados Unidos vão exportar 7,5 milhões de toneladas a menos de milho, para 56,38 milhões de toneladas. A destinação do cereal, que reduz os embarques, considera a produção menor e maior destinação para o etanol.

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Na soja é ao contrário. Maior produção exige maior exportação. De 2 milhões de bushels no ano passado, os norte-americanos querem embarcar 2,12 milhões de bushels na nova temporada. De acordo com o USDA, os Estados Unidos devem embarcar 3,2 milhões de toneladas a mais que no exercício anterior, para 58,3 milhões de toneladas.

Os números foram apresentados durante o Agricultural Oulook Forum, nesta quinta e sexta (23 e 24) em Arlington, Virginia, nos Estados Unidos.