Segundo maior produtor de grãos do planeta, o Brasil vive um dilema. Com uma produção de 218 milhões de grãos no ano passado, e projeção para 221 neste ano, segundo o índice Expedição Safra, por que 76% dos fertilizantes utilizados nas lavouras ainda precisam ser importados?
Presidente da Brandt no Brasil, uma das maiores empresas de fertilizantes foliares do mundo, Wladimir Chaga destaca alguns motivos:
“Normalmente a dificuldade é em relação a licenças ambientais. Também existe a concentração do segmento de jazidas [de cloreto de potássio] pela Vale. Já a Petrobrás concentra os nitrogenados. Com isso nas mãos de poucas empresas e o mercado com o dólar preso, acaba compensando a importação”. O cloreto de potássio e o gás natural são ingredientes essenciais para a produção de fertilizantes.
A tendência, explica o especialista, é que a dependência continue crescendo: “A expectativa para a safra 18/19, em nossa visão, é de crescimento de 5%. Por isso, a tendência é que continue importando”. A avaliação segue em linha com dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda): o ano de 2017 encerrou com queda na produção nacional de fertilizantes (-9,5%) e aumento das importações (+7,5%) e do consumo no Brasil (+1%).
Produção e Importação de Fertilizantes Intermediários
Produção Nacional em 2016: 9 milhões de ton
Produção Nacional em 2017: 8,2 milhões de ton (-9,5%)
Importações em 2016: 24,5 milhões de ton
Importações em 2017: 26,3 milhões de ton (+7,5%)
Fonte: Associação Nacional para Difusão de Adubos - Anda
Fertilizantes foliares
No cenário internacional, restrições ambientais quanto ao uso de carvão em usinas chinesas, além da forte demanda local, deve manter restrita a oferta de fertilizantes à base de nitrogênio, demandados especialmente pelos cultivos de milho. Com isso, o produtor fica exposto aos preços internacionais.
Em meio a esse cenário, aumentar a produtividade da lavoura é uma alternativa para melhorar a rentabilidade e o agricultor se capitalizar. Por isso, a aposta da Brandt no mercado de foliares (aplicados diretamente na planta) é uma chance de os produtores ‘irem além’ do uso dos fertilizantes “tradicionais”.
“Se analisarmos o custo de uma lavoura de soja, semente e fertilizante representam basicamente 50% do custo de produção. Os outros são distribuídos em arrendamento, valor da terra, equipamento, combustíveis e derivados”, explica Chaga.
Na avaliação do presidente da empresa, uma parte menor do custo, de 2% a 5%, seria para lançar mão dos chamados fertilizantes especiais e tratamentos com micronutrientes. “O ganho de quem utiliza esse recurso é de três a dez sacas por hectare”, afirma o executivo, referindo-se às lavouras de soja. Ele explica que, além de colaborar com a saúde da planta, o uso foliar facilita a absorção de defensivos agrícolas, como herbicidas.
Segundo Chagas, diferente dos fertilizantes comuns, os foliares são em sua maioria produzidos localmente. “Cerca de 90% do que é vendido no mercado nacional é fabricado no Brasil e 10% são importados. Esse mercado vem crescendo de 20 a 30% ao ano”, destaca.
Pensando nesse crescimento, a Brandt, que tem sede em Londrina (PR) e fábrica em Olímpia (SP) deve construir um novo parque fabril no Norte do Paraná. “Nosso plano é construir uma nova fábrica na região de Londrina, entre três em cinco anos, porque é um polo muito interessante”, afirma Chaga. Ele destaca a presença de centros como empresas de tecnologias de sementes, a Embrapa Soja, a Universidade Estadual de Londrina (UEL) e o Iapar na cidade como fortes atrativos para montagem de um novo centro de produção.
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