Que o café terá produção reduzida até a próxima safra (2014/15) ainda por força das geadas de 2013 e da seca do início de 2014 todos concordam. Porém, há divergências sobre o tamanho do impacto e o setor já discute os indícios de que a produção de 2015/16 também será reduzida.
Uma projeção estatística lançada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontando recuperação foi imediatamente atacada pelos líderes da cadeia produtiva. A Conab apontou que em 2015/16 a colheita será de 48,8 milhões de sacas, numa análise estatística. São 3,8 mihões sacas a mais do que na atual temporada (2013/14), ainda abaixo das 49 milhões de sacas da safra passada, mas um reajuste suficiente para o Conselho Nacional do Café (CNC) e a Comissão Nacional do Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) repudiarem “veementemente” o estudo.
No Paraná — estado mais afetado pelos problemas climáticos —, há razões técnicas para se questionar uma recuperação em 2015/16. Para voltar a superar a casa de 1,5 milhão de sacas, será necessário retomar o plantio e a também a recuperação das plantas que foram podadas na base, conforme os especialistas. A colheita caiu de 1,65 milhão (2012/13) para 510 mil sacas (2014), que estão sendo beneficiadas. No campo, ainda não há previsão sequer para o resultado de 2015.
A área plantada no estado soma 58 mil hectares, mas 23,7 mil (41%) não tiveram colheita em 2014, aponta Paulo Sérgio Franzini, técnico da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) dedicado à cafeicultura. E dessa área sem produção, “8% são lavoura nova, 15% tiveram poda leve, 56% foram esqueleteados [desbastados], mas 21% tiveram de ser recepados [cortados na base] e vão levar mais de um ano para voltar a produzir normalmente”, detalha. Ele considera cedo para estimar o volume da colheita de 2016.
O CNC e a CNA interpretaram a projeção da Conab como um número de campo para 2015. No entanto, os técnicos ligados à companhia ainda apuram os resultados da colheita de 2014. O quarto e último levantamento está previsto para dezembro, quando será lançada também a primeira previsão sobre a colheita de 2015.
Mesmo entre o primeiro e o último levantamento de cada ano, há variações. No caso do Paraná, entre o primeiro e a terceiro número de 2014, a estimativa caiu de 640 mil para 510 mil sacas, volume que será revisado em dezembro.