A alta do dólar, que rompeu nesta semana a barreira de R$ 4, tem dado liquidez ao mercado de soja no Brasil, com produtores aproveitando os valores na moeda local para fechar vendas antecipadas da nova safra, embora especulações sobre o futuro da taxa de câmbio mantenham alguns vendedores ainda retraídos.

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"O pessoal está beliscando, participando [do mercado], mas sem grandes volumes, até porque há muita especulação em relação à onde poderá ser o teto do dólar", disse o diretor de Inteligência de Mercado da corretora Cerealpar, Steve Cachia. Na avaliação dele, a comercialização antecipada está em entre 45% e 50% do volume a ser colhido em 2015/16.

Recente relatório do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostra que os produtores de Mato Grosso já venderam 40% da safra 2015/16. Um ano atrás, os negócios fechados estavam em apenas 11%.

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Na avaliação do diretor da consultoria AGR Brasil, Pedro Dejneka, pequenos produtores de soja, menos atentos aos fundamentos do mercado, são os mais retraídos no momento, enquanto agricultores de grande porte, com visão mais técnica, têm aproveitado os repiques das cotações para garantir a receita.

"Entre o produtor pequeno e médio, 90% fizeram tudo errado nos últimos anos na hora de comercializar e se deram bem. Eles acertaram, fazendo tudo errado", afirmou Dejneka, descrevendo o comportamento dos que preferem esperar e apostar numa alta maior ainda da moeda norte-americana.

"Ele [dólar] pode até continuar subindo, porque há uma festa de especulação, mas a hora que a festa acabar não será suave, vai ser um fim de festa amargo", disse o analista.

Se não fosse pelo câmbio, os produtores rurais estariam em situação complicada neste momento. A moeda norte-americana tocou máxima de R$ 4,15 nesta quarta. Já o primeiro contrato da soja na bolsa de Chicago fechou na mínima de seis anos na terça-feira.

O contrato novembro caiu mais de 18% desde o fim de junho, enquanto, nesse mesmo período, o dólar valorizou-se mais de 30%, em um saldo positivo para os vendedores.

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"As [recentes] perdas em Chicago serviram apenas para minimizar as altas [na cotação no Brasil, em real] e trazer maior cautela entre os compradores", citou a Informa Economics FNP em um relatório a clientes.

O banco Credit Suisse elevou nesta quarta-feira sua projeção para o dólar, dizendo que a moeda deve atingir R$ 4,25 em três meses e R$ 4,50 em doze meses, contra R$ 3,65 e R$ 4,10, respectivamente, na previsão anterior, citando riscos aos planos fiscais do governo brasileiro no curto prazo e a grande probabilidade de novos rebaixamentos da nota de crédito do Brasil.