| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

A guerra comercial do governo Trump de repente tornou a soja a commodity mais quente nos círculos políticos. Dados do Google Trends, por exemplo, mostram que as pesquisas por “soja” nos Estados Unidos estão atualmente próximas da maior alta histórica.

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Se você quer se atualizar sobre o que hoje é a lavoura mais cultivada no Brasil e nos Estados Unidos, gigantes que dominam o comércio global de alimentos, não tenha medo: aqui está tudo o que você queria saber sobre a soja, mas nunca teve coragem de perguntar.

1. Então, o que é a tal da soja?

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Como o nome em inglês indica (soybeans), a soja (soy) é um membro da família dos feijões (beans). Ela cresce em pequenos arbustos frondosos que florescem e produzem vagens verdes difusas, cada uma contendo cerca de três grãos.

Aquelas vagens verdes de feijão não são colhidas até que sequem no pé e fiquem douradas. Quando as folhas caem, estão prontas para a colheita. A soja é colhida por enormes maquinários - colheitadeiras - que cortam as plantas e separam os grãos agora secos das vagens.

O produto final colhido é um pequeno grão que se assemelha a uma versão castanha de uma ervilha seca.

2. Para que serve a soja?

A maioria das pessoas se depara diariamente com inúmeros produtos alimentícios que utilizam a soja. Do processo de obtenção do óleo refinado de soja, obtém-se a lecitina, um agente emulsificante, muito usado para se produzir salsichas, maioneses, sorvetes, achocolatados, barras de cereais e produtos congelados.

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O grande uso culinário, no entanto, é o óleo vegetal de soja. Se você está se perguntando se algum dia já consumiu algo à base de soja, a resposta quase 100% certeira é um sonoro “sim”.

Por outro lado, sempre que alguém come carne, isso representa, indiretamente, um grande consumo de soja e de milho, grãos básicos das rações para animais. Mais de 70% da produção de soja é utilizada para ração que alimenta frangos, porcos, vacas leiteiras, gado de corte e peixes.

A soja é ainda matéria-prima de indústrias dos mais variados segmentos, do cosmético ao farmacêutico, automobilístico e veterinário. Existem pneus à base de soja, adesivos, espumas, fibras e aditivos químicos.No Brasil, o óleo de soja representa mais de 80% da demanda total da fabricação de biodiesel,exigindo um esmagamento anual de 4 milhões de toneladas de soja.

3. Quem mais produz soja no mundo?

A liderança deve mudar de mãos na safra 2018/19. Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA, o Brasil deverá desbancar os EUA como maior produtor da commodity, atingindo 117 milhões de toneladas, contra 116,5 milhões dos americanos.

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Em terceiro lugar está a Argentina, com 56 milhões de toneladas; depois a China, 14,1 milhões de toneladas; Índia, 10,8 milhões, Paraguai, 9,8 milhões e Canadá, 7,8 milhões de toneladas.

A renda obtidfa pela soja nos EUA, US $ 41 bilhões, é cerca de três vezes a receita anual total da liga de futebol americano (NFL).

Os Estados Unidos e o Brasil respondem por 80% do comércio internacional da commodity. Sozinho, o Brasil detém 44,2% das vendas globais e, os Estados Unidos, 37%.

4. E o que a guerra comercial de Trump têm a ver com isso?

É aí que a coisa pega: de acordo com dados do USDA, quase metade da produção de soja dos EUA é exportada para o exterior. Se outros países decidirem reduzir suas importações de soja dos EUA ou aplicar tarifas alfandegárias em resposta às sobretaxas de Trump (sobre o aço e alumínio, por exemplo) , isso pode ter efeitos econômicos não apenas para os produtores de soja americanos, mas também para outras indústrias, como as de carne bovina e de aves, que dependem da soja.

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Por isso nunca se falou tanto sobre a soja nos noticiários dos Estados Unidos. Os agricultores estão no meio de uma disputa entre o governo Trump, que acredita que tarifar produtos estrangeiros será bom para os consumidores e produtores dos EUA, e outras nações, que estão retaliando com suas próprias tarifas.

Por essa razão, Trump anunciou nesta semana um pacote de US $ 12 bilhões em ajuda a agricultores apanhados no fogo cruzado desta guerra comercial.

Apesar de oferecerem o mesmo produto no mercado internacional, Brasil e EUA vivem momentos distintos em relação à cotação da soja. Nas primeiras semanas de julho, o preço da soja embarcada em Paranaguá estava pagando US$ 2,21 por bushel acima da cotação futura em Chicago, de US$ 7,79. A diferença foi provocada pelo “rally” dos chineses para comprar a soja brasileira, em função das sobretaxas ao produto americano.