Ferrugem pode voltar a assombrar campos de soja caso janela de plantio não seja reduzida, dizem pesquisadores.| Foto: Albari Rosa / Gazeta Do Povo

Um impasse entre a segurança das lavouras e a rentabilidade dos produtores tem dividido opiniões nos campos do Paraná. Já adotada em estados como Mato Grosso e Goiás, a possibilidade de restrição ao cultivo da segunda safra de soja (safrinha) ainda não é unanimidade entre os paranaenses. De um lado, pesquisadores defendem que essa é a única maneira de evitar uma nova propagação da ferrugem asiática -- doença fúngica que coloca em cheque a produtividade das lavouras. No contraponto, agricultores temem ficar sem uma opção viável para o cultivo na entressafra.

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A divisão de opiniões ficou evidente durante audiência pública realizada nesta terça-feira (29) na Assembleia Legislativa, em Curitiba, onde o assunto foi tema central para técnicos, produtores e parlamentares. A preocupação parte do fato de que o fungo causador da ferrugem (Phakopsora pachyrhizi) está desenvolvendo resistência aos fungicidas disponíveis no mercado, podendo tornar a doença incontrolável nos próximos anos. Como agravante, estudos da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) indicam que nos próximos 10 anos não haverá entrada de novos produtos capazes de conter o avanço do fungo.

Na visão dos pesquisadores o problema ocorre porque na safrinha o número de aplicações para o controle da doença aumenta, chegando a picos de até dez pulverizações em uma mesma lavoura. Nesse cenário a solução proposta é ampliar o período de restrição de plantio – vazio sanitário – dos atuais 90 dias para 120 dias, começando em maio e terminando em setembro. “Toda vez que fomos contra a pesquisa levamos prejuízos”, argumenta Nelson Costa, superintendente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).

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Embora exista uma previsão de ganhos no aspecto da defesa vegetal, a nova regra ainda é fonte de preocupação. Durante a audiência de ontem o presidente da Cooperativa Mista São Cristóvão (Camisc), Nelson De Bortoli, alertou que na região onde a cooperativa está sediada (Mariópolis, no Sudoeste) a safrinha é a opção mais economicamente viável para os produtores. Ele também salientou que muitos agricultores já compraram insumos para a safra 2016 e que a proibição traria prejuízo.

Os números indicam que a atividade ganhou corpo no estado nos últimos anos. Nesta temporada a área subiu 21%, ocupando 132 mil hectares. Em 2007/08 o terreno dedicado ao grão era de 47 mil hectares, conforme a Seab.

Diante do impasse o governo estadual busca tom conciliatório. O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, acenou com a possibilidade de proibir o plantio da soja safrinha a partir de janeiro de 2017. “A partir desse prazo, o vazio sanitário no estado deverá ser estendido”, afirmou.