Após realizar uma visita em cafezais no interior do maior estado produtor de café do Brasil, Minas Gerais, o presidente Michel Temer (MDB) disse ter se surpreendido com a substituição de boias-frias por trabalho automatizado.
“Interessante, eu vi o cafezal todo pleno de grãos de café, eu disse, isso vai trazer muitos empregados, os chamados boias-frias, que poderão trabalhar nessa atividade. E o prefeito me disse, olha, lamentavelmente, hoje é máquina que recolhe todos esses grãos de café”, relatou Temer horas depois de visitar Patos de Minas, nesta sexta-feira (18). Ele fez o comentário em palestra promovida pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) e pela revista Exame, em São Paulo, sobre os desafios da inovação tecnológica no mercado de trabalho.
Produção de café no Brasil
O estado de Minas Gerais é responsável por mais de 50% da produção nacional de café. Conforme levantamento divulgado nesta quinta-feira (17) pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o estado produziu 30,7 milhões de sacas na última safra. Na sequência aparecem Espírito Santo (12,8 milhões de sacas) São Paulo (6,1 milhões de sacas) e Bahia (4,5 milhões de sacas).
Segundo Temer, o prefeito informou que prepara cursos especiais para as pessoas operarem as máquinas que farão a colheita do café. O presidente aproveitou o gancho e lembrou a necessidade de se “preparar as pessoas para, quando a tecnologia avançar demais, ao invés de gerar desemprego, ela poderá gerar um emprego mais ainda qualificado”.
Mais adiante em seu discurso, Temer tentou inspirar otimismo na plateia, minimizando o drama do desemprego no país, com 13,6 milhões de pessoas sem posto de trabalho e outras 4,6 milhões em desalento, ou seja, que desistiram de procurar uma vaga.
Ele antecipou o anúncio da criação de 116 mil postos de trabalho em abril. “Temos que confiar no que está acontecendo no Brasil”, urgiu.
“De vez em quando vejo uma ideia pessimista, ah, a Bolsa de Valores caiu para 83% [sic]. Uma variação na Bolsa, que é mais do que natural. A Bolsa caiu. Não caiu. Ela variou. Cair seria voltar aos padrões de dois anos, dois anos e pouco atrás.”
Sem dar entrevista, Temer deixou o evento após sua fala, de 15 minutos, precedida pela do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que elogiou o governo federal em discurso de seis minutos.
Para demonstrar empenho no avanço da economia nacional, Temer anunciou a criação de mais um cargo no Palácio do Planalto.
“Embora tenhamos um ministério especializado, da Ciência e Tecnologia, eu quero dizer que colocarei um técnico especializado em inovação junto ao meu gabinete”, afirmou. “Os encontros não podem resumir-se a palestras.”