O recorde nacional de produtividade de soja virou atração na região dos Campos Gerais. Na última semana, o produtor Hans Jan Groenwold, autor da façanha, vive rotina semelhante à de celebridades da televisão e da música. Inúmeras entrevistas ao longo do dia, para os mais variados veículos de comunicação do país, reconhecimento enquanto percorre as ruas de Castro e o assédio de outros agricultores, que não medem esforços para descobrir os segredos do feito.
Dono da fazenda Fini, o holandês que desembarcou no Brasil com um ano de idade produziu 110,5 sacas por hectare em uma área de cinco hectares – metragem mínima exigida no regulamento - e conquistou o título de campeão nacional de produtividade pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb), que premia os proprietários das terras mais produtivas do país. Outros dois talhões da propriedade também inscritos no concurso atingiram 109,5 sacas e 109,7 sacas por hectare.
“O desafio é identificar essas manchas mais produtivas e, posteriormente, corrigir e explorar ao máximo o rendimento. O manejo é fundamental para levantar a produtividade e diminuir o custo de produção”, explica o produtor. “O tempo mostrou que não existe bala de prata. O segredo é fazer bem feito o que já é recomendado e entender que a agricultura é um negócio”, diz Décio Gazzoni, agrônomo e pesquisador da Embrapa Soja, de Londrina, no Norte do estado.
A média dos 100 hectares ocupados pela soja na Fazenda Fini na safra 2012/13 foi de 74,1 sacas por hectare, seis a mais em relação à temporada passada e quase 15 acima da média estadual – que ficou em 55 sacas/hectare, segundo levantamento da Expedição Safra Gazeta do Povo.
De acordo com o agrônomo Lucas Simão Hubert, consultor de Groenwold e outros 12 produtores da região, não há nenhuma fórmula mágica para ampliar a produtividade da lavoura. Ele é categórico ao afirma que a colheita recorde é resultado de uma equação de fatores.
“Nada é milagroso. A temperatura, a luminosidade e a umidade foram ideais nesta safra. A área que ganhou há anos não recebia soja, ou seja, estava livre de doenças e sem problema de solo”, relata o técnico. “Além disso, o manejo e a aplicação de produtos foram bem realizados pela equipe da fazenda, que estava comprometida”, complementa.
Leite
Apesar de o prêmio envolver a oleaginosa, a fazenda Fini tem na pecuária leiteira a sua principal atividade. Hoje, o plantel conta com 600 animais em lactação que produzem, em média, 38 litros de leite/cabeça diariamente – uma das melhores marcas da bacia leiteira dos Campos Gerais, reconhecida internacionalmente pela produtividade e qualidade. Mas o gado também teve influência no prêmio. As áreas de plantio recebem dejetos orgânicos, com alto teor de nutriente.
“A adubação orgânica é pesada. Mas tudo baseado na análise do solo”, destaca Igor Van Den Broek, gerente da fazenda. “A propriedade mista tem suas vantagens”, reforça Hans.
Além do dejeto orgânico, 250 kg de 0-26-26 (115 quilos de cloreto de potássio) foram utilizados para corrigir o solo.
Além de dividir o mérito da conquista com os funcionários, Hans destaca o papel da Fundação ABC na melhora da produtividade da Fini. A entidade fornece assistência técnica e soluções tecnológicas aos cooperados das três cooperativas da região: Capal, de Arapoti, Batavo, de Carambeí, e Castrolanda, de Castro. Hans é associado da última.
“Todos os produtos utilizados aqui são testados pela Fundação ABC. A variedade de semente utilizada na área vencedora [BMX ativa] foi recomendada por eles. Foi a primeira vez que utilizamos e o resultado correspondeu aos testes”, aponta Hans.
Economia | 4:01
Produtor do Paraná conquista desafio nacional da sojaHans Jan Groenwold, proprietário da Fazenda Fini, em Castro, nos Campos Gerais, produziu 110,5 sacas por hectare em uma área de cinco hectares – metragem mínima exigida no regulamento - e conquistou o título de campeão nacional de produtividade.