A urina de foliões do Carnaval de Belo Horizonte ajudará a adubar o Jardim Botânico da cidade. O projeto para aproveitar a urina coletada em seis banheiros químicos como fertilizante agrícola foi desenvolvido pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e tem a parceria com a Belotur, empresa de turismo da capital mineira.
A ideia é reutilizar o fósforo, elemento químico essencial para o crescimento das plantas, presente na urina. A ação no Carnaval deve render cerca de dez quilos de fertilizante.
No tanque dos seis banheiros que fazem parte da ação piloto do P4Tree, nome do projeto do departamento de química da UFMG, haverá um sachê com pastilhas de serpentino, mineral já usado na agricultura que foi modificado para atrair o fósforo da urina.
Ao final do dia, o sachê é recolhido -o fósforo fica grudado dentro e fora das pastilhas- e a urina é descartada. Depois do Carnaval, o fósforo coletado será desinfectado no laboratório de química da UFMG para que sirva de adubo.
“O fósforo hoje é principalmente obtido na mineração, que é uma fonte finita. É legal achar alternativas sustentáveis de reutilização do fósforo, e a urina é um exemplo”, diz o químico e pesquisador da UFMG Arthur Silva.
“Apesar de o Brasil ser o quarto maior produtor de fósforo do mundo, a gente já importa metade do que usamos, porque é muito utilizado na agricultura.”
Cada litro de urina carrega cerca de 300 miligramas de fósforo, segundo Silva. A capacidade dos banheiros químicos é de 200 litros por dia.
Quem quiser colaborar com o adubo do Jardim Botânico pode encontrar dois dos banheiros participantes próximos ao palco da Av. Brasil durante todo o Carnaval. Os banheiros do P4Tree são identificados com adesivos explicativos.
Os outros quatro banheiros passaram pela Praça da Liberdade, Santa Tereza, Santa Efigênia. Na segunda-feira no bloco Filhos de Tchá Tchá (Barreiro) e na terça (13), no bloco do Peixoto (Santa Efigênia).
Para Aluizer Malab, presidente da Belotur, a ação deve se expandir no Carnaval de BH e pelo país afora. “A gente tem um potencial residual muito grande”, diz.