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Fórum reúne especialistas, lideranças e agentes públicos e privados no Museu Oscar Niemeyer, | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Fórum reúne especialistas, lideranças e agentes públicos e privados no Museu Oscar Niemeyer,| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

A preocupação do agronegócio sul-americano com o mercado de alimentos e agroenergia se acentuou nos últimos meses, diante do prolongamento da crise política e econômica do Brasil, e dos sinais de que a demanda global por proteína vai crescer menos que o esperado nos próximos anos.

O quadro, que mostra um setor se desdobrando para driblar o impacto dos problemas regionais, abriu as discussões do Fórum de Agricultura da América do Sul – evento realizado pelo Agronegócio Gazeta do Povo que reúne 300 especialistas, lideranças e agentes públicos e privados no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba.

A América do Sul planta safra recorde de soja, que deve chegar a 172 milhões de toneladas e permitir aumento de 10% nas exportações, mas terá de disputar mercado como nunca. Além da agricultura, a pecuária e as agroindústrias também se deparam com consumo global apertado, e não podem contar com espaço extra no mercado interno ou regional.

Um retorno ao crescimento exige mudanças drásticas, defendeu o conferencista Judas Tadeu Mendes, da EBS Business School. “A culpa da crise é do descontrole dos governos”, frisou, atacando gastos, juros e impostos. “Enquanto o Brasil não estiver investindo 20% do PIB, é praticamente impossível voltar crescer de maneira substancial”, afirmou.

O comércio mundial, que registrou queda de 10% após a crise de 2008, deve seguir em crescimento a taxas anuais entre 3% e 5%, apontou Eugênio Stefanello, analista da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Com a crise atual, a geração de riqueza no Brasil não acompanha esse movimento, analisa. “Nosso PIB está ficando atrás das médias inclusive na América do Sul”, assinalou. Em sua avaliação, essas contradições mostram claramente que problemas internos determinam a crise econômica.

O principal importador do agronegócio sul-americano, a China, registra crescimento menor no consumo de proteína do que se previa, apontou o conferencista Álvaro Ancede, analista do The Laifa Group, de Chicago (EUA). “A migração da zona rural para a urbana diminui e há inclusive movimento de retorno”, assinalou. Esse fator, segundo ele, anuncia crescimento mais lento no consumo de carnes e na importação de soja.

Numa avaliação do comportamento das cotações dos últimos dois séculos, o analista da Bolsa de Comércio de Rosário Guillermo Rossi apontou que um próximo pico de preços, considerando movimentos cíclicos, só deve ocorrer por volta de 2035.

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Fórum de Agricultura da América do Sul

O evento termina nesta sexta-feira (13) com mais três conferências: perspectivas do comércio internacional para o agronegócio (às 9 horas); custo e viabilidade das energias renováveis (10h15); e responsabilidades e desafios da América do Sul (11h15). As conferências podem ser acompanhadas em tempo real pelo site www.agrogp.com.br.

Aumenta conexão entre urbano e rural

O benefício econômico e social gerado por cadeias produtivas do agronegócio e o papel estratégico para a garantia da segurança alimentar reforçam a relevância do campo para o meio urbano, mostrou a conferência de abertura do 3.° Fórum de Agricultura da América do Sul. O setor assume papel decisivo no abastecimento e determina a situação econômica de nove em cada dez municípios do Paraná, considerados rurais, apontou o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. O estado é considerado um exemplo de como as transformações no campo tornam-se relevantes. “Embora tenhamos 400 municípios, 92% deles são rurais. E nesses municípios quase 37% da população é rural”, frisou.

Isso faz com que o meio urbano dependa mais do campo, complementou o diretor do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Orlando Pessuti. Modelos como o cooperativismo refletem essa conexão, lembrou João Paulo Koslovski, presidente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). “As cidades que têm cooperativas tem um Índice de Desenvolvimento Humano acima da média, provando que criou-se uma sinergia entre o campo e a cidade. Estamos nas comunidades e queremos desenvolvê-las”, detalhou.

Mais do que produzir, deve-se também buscar uma distribuição equilibrada dos alimentos que chegam à cidade, lembrou Lia Paludo, superintendente da Secretaria do Abastecimento de Curitiba.

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