Após oito trimestres consecutivos de queda, o PIB voltou a crescer, conforme dados divulgados nesta quinta-feira (1º) pelo IBGE. Contudo, foi o agronegócio que puxou a “linha de frente” da economia.
Entre janeiro e março, o Produto Interno Bruto cresceu 1% em comparação aos últimos três meses de 2016. Enquanto o setor de serviços ficou estagnado, a indústria subiu 0,9%. Já o indicador agropecuário disparou 13,4% e tirou o Brasil da pior recessão da história.
“De fato cerca de 70% do crescimento do PIB total ocorreu devido à agropecuária, com destaque para o aumento de produção da soja e do milho”, reconhece o economista do Banco Santander Rodolfo Margato,responsável pelas análises do PIB na instituição financeira.
“O resultado indica que há uma reversão na queda dos índices da nossa economia que vinha ocorrendo nos últimos anos. Mas fora isso não há novidade, o setor agropecuário continua sendo o motor da economia brasileira”, emenda o presidente da Federação Paranaense da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Ágide Meneguette.
No acumulado dos últimos 12 meses, contudo, o PIB nacional continua negativo, com -2,3%. O setor agro foi o único a crescer nesse período, com avanço de 0,3%. Indústria e serviços tiveram queda de 2,4% e 2,3%, respectivamente. O momento precisa ser avaliado com ressalvas, segundo Margato.
“O crescimento do primeiro trimestre não deve ser lido como ritmo médio de expansão para os próximos períodos. É claro que é positivo já que mostra uma variação positiva, mas isso não deve ser sustentado porque o agronegócio deve ter uma contribuição mais branda, já que os resultados principais de soja e milho se concentram no início do ano”, avalia o economista.
Agro é o único setor a ter início de ano melhor que 2016
Quando comparado ao mesmo trimestre do ano anterior, o setor agro foi o único que reagiu à crise. Enquanto indústria e serviços tiveram queda de 1,1% e 1,7%, o agronegócio cresceu 15,2% - resultando num recuo geral de 0,4% no PIB brasileiro.
Um dos motivos para os resultados é a supersafra da agricultura. “O recorde na produção de grãos deste ano é uma mostra da nossa participação na recuperação econômica do país”, comenta Meneguette.
Porém, os próximos trimestres devem ser mais contidos. “Devemos observar taxas mais modestas, já que os resultados de abril na indústria não foram muito animadores. Mas o setor de serviços mostra que o pior pode ter ficado para trás”, explica Margato.
De acordo com o especialista, o segundo semestre pode ter resultados mais consistentes pela queda da inflação e a melhora na oferta de crédito, com menores taxas de juros (a taxa Selic foi reduzida para 10,25% ao ano nesta semana). “Há uma defasagem clássica em que o lado real da economia leva algum tempo para assimilar [essa baixa]”, completa. A previsão da entidade é de crescimento do PIB em 2017 para 0,7%.
O Produto Interno Bruto no primeiro trimestre de 2017 totalizou R$ 1,595 trilhão. A agropecuária registrou R$ 93,4 bilhões, a indústria R$ 291,1 bilhões e os serviços R$ 996,4 bilhões. O restante do valor é completado por R$ 213,6 bilhões em impostos sobre produtos líquidos de subsídios, informa o IBGE.
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