As chuvas atípicas registradas no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil esta semana deverão se repetir em toda a semana que vem, com possibilidade de prejuízos para diversas culturas agrícolas do Brasil, projetou nesta quarta-feira (08) a Somar Meteorologia. Há interrupção nos trabalhos de plantio e preocupação quanto as lavouras já consolidadas.
"Devido à influência do El Niño e também por conta de que as águas do Atlântico estão mais quentes do que o normal em toda faixa litorânea do Brasil, as frentes frias estão conseguindo avançar com maior facilidade sobre o Sudeste e daí, mantendo esse padrão, que mais parece de verão [chuvoso]", aponta o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Somar, em um relatório diário.
Segundo ele, os maiores volumes de chuvas estão ocorrendo sobre o Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. "Os trabalhos de campo, como colheita, plantio e realização de tratos culturais serão afetados, gerando atrasos e provocando perdas regionalizadas de produtividade e de qualidade", afirmou Santos.
Há preocupação quanto ao efeito das chuvas para o milho segunda safra, que caminha para uma colheita recorde no Brasil. No Paraná a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab) confirma o quadro, com base em informações do Núcleo Regional de Ivaiporã. “A cultura de milho segunda safra pode apresentar aumento de grãos ardidos, devido ao excesso de umidade nas espigas”, dizem os técnicos da entidade, em boletim diário. Até agora 23% da área plantada no estado foi colhida.
Outra preocupação é quanto ao trigo, que pode ser prejudicado pelas chuvas excessivas. Em praças como Irati (Centro-Sul do PR), a Seab confirma lentidão nos trabalhos de campo. “Atividades agrícolas [estão] paradas, [...] desde o início da semana devido umidade do solo em decorrência das chuvas”, indicam os especialistas regionais da entidade, em relatório. Até a última segunda-feira (06), 97% dos campos paranaenses haviam sido semeados.
Sem geadaO viés positivo da presença das chuvas é que elas estão impedindo o avanço de massas de ar polar e de frio que podem prejudicar lavouras com a de café. "Não há riscos para ocorrência de geadas para esses próximos 15 dias", disse o agrometeorologista. Em alerta divulgado nesta terça-feira (08) o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) descartou o risco de ocorrência de geada nas próximas 24 horas.