Para Chris Smith, que tem em sua propriedade na Carolina do Norte 30 mil frangos e 60 hectares cultivados com batata-doce, a luta para sobreviver ao Furacão Florence ainda não terminou.
Enquanto chuvas torrenciais, decorrentes da tempestade, transbordaram reservatórios de água e inundaram estradas na vizinhança, Smith, apenas um entre centenas de fazendeiros no estado conhecido por sua produção de aves e suínos, viu-se sem estoques, energia e qualquer meio de transportar sua criação.
A fúria da tempestade foi surpreendente. “Nós pensamos que não estávamos em uma área propensa a alagamentos, mas tomamos um grande susto”, diz o produtor. Ele racionou o alimento para as aves o quanto pôde e usou 250 galões de diesel por dia para manter seus geradores em funcionamento.
Agora, Smith - que se considera privilegiado por ter salvado seu plantel – procura um meio de levá-lo a plantas processadoras antes do final de semana, quando mais chuvas são previstas, podendo fazer transbordar o rio Neuse, que fica na região. E ele não está sozinho. Tentando minimizar as perdas decorrentes de uma tempestade que já deixou milhões de animais mortos, fazendeiros procuram helicópteros, barcos e caminhões para abastecer as propriedades atingidas pelas inundações e pelos detritos.
A estimativa é de que 5,5 mil porcos e 3,4 milhões de frangos e perus tenham morrido como resultado do Florence, que atingiu a Carolina do Norte no final da última semana. Dias depois, os alagamentos continuam gerando problemas, com rodovias ainda intransponíveis e alguns rios perto de transbordar.
Muitas das mais de 2 mil propriedades que se dedicam à criação de suínos no estado “estão voltando ao normal”, segundo o Conselho de Suinocultura da Carolina do Norte. Mas quase uma dezena permanece inacessível, pontua o líder do grupo, Andy Curliss.
O atual esforço para salvar os animais será seguido de uma mobilização ainda maior: a necessidade de retirar de forma rápida e segura milhões de carcaças que podem levar a sérios riscos de saúde.
A velocidade é a chave. Conforme as carcaças se decompõem, elas liberam fluidos, gases e uma enorme quantidade de compostos tóxicos, explica o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o USDA. Se continuarem ali, podem contaminar a água potável e atrair moscas e ratos, espalhando patógenos entre rebanhos e mesmo entre humanos.
Os animais mortos pelo Florence serão incinerados, passarão por um processo de compostagem ou separados por partes ainda utilizáveis, informou um oficial. O estado está trabalhando para fornecer lotes de madeira, que serão usados para cercar as aves mortas, ajudando a decompô-las mais depressa. Muitos aterros, com revestimento impermeável, são capazes de receber carcaças maiores e devem ser cobertos com o material.
Enquanto isso, ambientalistas continuam preocupados, tomando como base tempestades anteriores, como o Furacão Matthew, dois anos atrás, e o Floyd, em 1999, que matou pelo menos 20 mil suínos.
“Toda vez eu vejo as mesmas coisas: lagos inundados, granjas cobertas até o telhado com frangos mortos”, afirma Rick Dove, do grupo Waterkeeper Alliance. “Nós não aprendemos nada. Temos os mesmos problemas: animais mortos, e fezes e urina arruinando os rios.”
O número total de mortes ainda levará tempo para ser conhecido. O estado está enviando inspetores às propriedades rurais para verificar o estrago, mas, até recentemente, eles ainda estavam esperando a água baixar em muitas áreas. “Provavelmente, teremos perdido mais frangos do que qualquer outra coisa”, disse Jimmy Dixon, que já foi criador de perus e hoje é representante do estado, após sobrevoar de helicóptero a região mais à Leste da Carolina do Norte.
Os números ainda poderiam ter sido piores se muitos produtores não tivessem retirado os animais que estavam em áreas de risco antes do Florence atingir o continente. Cerca de 20 mil porcos foram levados a outras regiões da Carolina do Norte ou mesmo a outros estados, além dos que foram abatidos de forma precoce para serem comercializados. A produtora de perus Butterball perdeu apenas 30 mil aves ou 0,2% de seu plantel total no estado, após ter realocado alguns animais, disse a porta-voz Christa Leupen.
O efetivo de frangos não foi totalmente atingido no condado de Kinston, onde está alocada a criação de Chris Smith. Ele ainda cultiva batatas-doces e não sabe quando será possível voltar para fazer a colheita. A Carolina do Norte é a maior produtora de tubérculos nos Estados Unidos. Dos 60 hectares semeados por Smith, apenas três foram colhidos até o momento. As batatas podem ser colhidas à mão, mas “nós usamos um arado para arrancá-las da terra. E isso não pode ser feito na lama”, comenta.
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