O Alerta Geada começa nesta terça-feira (8) e vai até o fim do inverno, no dia 22 de setembro. O serviço informa gratuitamente aos cafeicultores a probabilidade de ocorrência de geada na região cafeeira com antecedência de 48h a 24h.
Ao receberem as mensagens em tempo hábil, os produtores podem adotar medidas de proteção das lavouras, reduzindo perdas agrícolas e evitando prejuízos.
Uma vez emitida a previsão do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), a equipe de agrometeorologistas do Iapar (Instituto Agronômico do Paraná) interpreta as informações e dispara o aviso por e-mail, celular, redes sociais e veículos de comunicação. Além disso, um boletim é divulgado nas páginas do Simepar e Iapar e também pode ser acessado pelo Disque Geada - (43) 3391-4500. O preço é de uma ligação para aparelho fixo. Se as condições para formação de geada persistem, um aviso de ratificação é enviado até 24 horas antes da ocorrência.
A difusão dos alertas se dá por meio de uma rede formada por órgãos públicos estaduais, prefeituras municipais, cooperativas, associações rurais, técnicos e profissionais de agronomia, estabelecimentos educacionais e comunitários. Para receber os avisos, os interessados devem preencher um formulário na página do Iapar.
Outros setores da economia também são beneficiados, como produtores de hortaliças, comércio de vestuário, construção civil e turismo.
Metodologia
Mantido desde 1995 pelo Simepar e Iapar em parceria com o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), o Alerta Geada nunca errou na detecção desse tipo de evento.
As condições do tempo são monitoradas com base em dados de temperaturas, pressão atmosférica, ventos e umidade do ar, coletados desde a superfície até aproximadamente 15 mil metros de altura. Também são analisadas imagens fornecidas por satélite. Um mapa de probabilidade classifica a intensidade da geada como fraca, moderada ou forte. As previsões são reavaliadas no mínimo duas vezes ao dia.
Segundo o meteorologista do Simepar, Cezar Duquia, o inverno normal no Paraná caracteriza-se pela diminuição das chuvas em comparação com as outras estações e o ingresso de massas de ar frio a partir da segunda quinzena de maio. “Geadas são mais frequentes em junho e julho - quando as temperaturas médias ficam mais baixas”, afirma.
Em condições normais ocorrem de um a quatro eventos por ano, mais concentrados entre o Centro e o Sul do Estado, podendo atingir o norte. Em 2017 houve, cinco ondas de frio intenso e foram emitidos dois alertas de geada em 9 de junho e 17 julho.
As projeções mais atualizadas para este ano apontam tendência de comportamento da atmosfera dentro da média. “Até o momento tudo indica La Niña fraca, sem sinais de intensificação que poderia agravar o frio no sul do Brasil”, diz Duquia.
La Niña é o fenômeno climático que resfria as águas na zona equatorial do Oceano Pacífico com impacto nas condições do tempo no Paraná.
Recomendações
A expectativa de colheita para 2018 é de cerca de um milhão de sacas de café beneficiado. Segundo a pesquisadora em agrometeorologia, Ângela Costa, havendo alerta de geada, nas lavouras cafeeiras com idade entre seis e 24 meses, recomenda-se amontoar terra no tronco das árvores até o primeiro par de folhas imediatamente. Denominada “chegamento de terra”, essa conduta protege as gemas e evita a morte da planta por geada severa.
A proteção deve ser mantida até o final do período frio, em meados de setembro, quando deve ser retirada preferencialmente com as mãos. Nos plantios com até seis meses de idade, é recomendável enterrar as mudas. Viveiros devem ser protegidos com várias camadas de cobertura plástica. A proteção das mudas e dos viveiros deve ser removida rapidamente assim que a massa de ar frio se afastar e cessar o risco de geada.
De acordo com o economista Paulo Sérgio Franzini, do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura do Paraná (Seab), há pouco mais de 41 mil hectares ocupados com lavouras de café no Paraná, dos quais 3,2 mil com plantios novos, de até 24 meses, e que devem ser protegidos das geadas.
Calcula-se que a implantação de um hectare de cafeeiros custa em torno de R$ 12 mil. O enterrio e o desenterrio de plantas com até seis meses gira em torno de R$ 1,2 mil, enquanto o gasto para se fazer o “chegamento de terra” e a limpeza dos troncos é de aproximadamente R$ 800. “É inegável o custo-benefício da proteção”, afirma. A maior parte das lavouras paranaenses tem, em média, 8 hectares e é conduzida por produtores familiares. Em 2018, a expectativa é que o Paraná colha em torno de 1 milhão de sacas beneficiadas de café.