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Com menos espaço à mesa, feijão deve migrar para bolos, massas e salgadinhos

Consumo de feijão em Curitiba caiui mais de 20%, em sete anos | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Consumo de feijão em Curitiba caiui mais de 20%, em sete anos (Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo)

Frequentador cada vez menos assíduo da mesa dos brasileiros, o feijão está a caminho de ser reinventado pela indústria como ingrediente de enriquecimento de alimentos processados, como bolos, massas e snacks.

A principal forma de consumo no Brasil ainda é o feijão cozido, com caldo, mas o consumo vem caindo acentuadamente, obrigando produtores, pesquisadores e indústria a pensar em estratégias de “recolocação” desta fonte indispensável de vitaminas do complexo B, proteínas e minerais como potássio, cálcio e ferro. Uma das frentes está na intensificação do uso do feijão como matéria-prima em cardápios vegetarianos e veganos e também para celíacos.

“A indústria alimentícia pode ter um aumento de demanda e o feijão é um ingrediente que pode aparecer em novos produtos, em função dos seus benefícios”, afirma Cristina Pascual, pesquisadora do Instituto Senai de Tecnologia em Alimentos e Bebidas, localizado em São Paulo.

Segundo a especialista, o feijão é um ingrediente enriquecedor em diversos produtos da indústria alimentícia e muitas pesquisas estão direcionadas neste sentido. “Fora do Brasil, já existem demandas e produtos com feijão que não sejam apenas com caldo ou enlatados, mas também bolos e massas alimentícias, por exemplo. Lá fora, os snacks com feijão são uma tendência de mercado. O feijão é um produto que vai muito além da forma como ele é normalmente consumido no Brasil e a leguminosa pode agregar muito valor”, salienta.

Mudança de hábito

Uma pesquisa do Ministério da Saúde indica que, nos últimos sete anos, a quantidade de pessoas que comem feijão cinco vezes ou mais por semana em Curitiba (PR) caiu quase 20%, de 64,7% para 51,4%. No Brasil, a redução no mesmo período foi de 6,1 %, de 60,3% para 60,1%. O consumo per capita - que nos anos 1980 era de 25 quilos - caiu de 18 quilos em 2000 para 15,5 kg atualmente.

Com o arroz não é diferente. O consumo per capita era de 45,1 quilos em 2000. Ficou relativamente estável entre os anos de 1980 e 90, mas, a partir de 2000, caiu vertiginosamente para os atuais 27,5 kg/ano.

As mudanças de hábitos e consumo dos brasileiros deixaram em alerta produtores e indústria. “O feijão sempre fez parte da dieta saudável do brasileiro e não há mais dúvidas sobre o seu benefício para uma alimentação balanceada. O avanço do fast food é uma preocupação para a saúde e para o campo”, afirma o presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e Pules (Ibrafe), Marcelo Eduardo Lüders.

No caso do arroz, explica Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul, a mudança de hábito foi consequência do aumento do poder aquisitivo na última década e da associação do arroz com o ganho de peso. “O brasileiro passou a consumir mais fast-food, mais produtos industrializados e mais proteínas”.

E o campo sentiu o impacto. “O arroz foi o grão que mais perdeu valor no país. O Brasil plantou 3,9 milhões de hectares em 2004/05, atualmente planta 1,9 milhões. Muitos produtores foram migrando para outras atividades mais lucrativas”, conta Dornelles.

Evento

As perspectivas para o mercado, além de novas possibilidades de consumo desses grãos estarão em debate durante a sexta edição do Fórum Brasileiro do Feijão, que será realizado de 15 a 17 de agosto em Curitiba (PR). A programação completa pode ser acessada aqui.

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