Uma das grandes forças da economia paranaense, o sistema cooperativo tem uma história bastante próxima da extensão rural. Foi das fileiras da antiga Acarpa que surgiram algumas das principais lideranças do cooperativismo no estado. Atualmente, três das maiores cooperativas paranaenses têm um extensionista no comando. Coamo, Lar e Copacol, que juntas somam um quadro de 45 mil cooperados e um faturamento superior a R$ 18 bilhões, nasceram e se desenvolveram a partir da contribuição da Emater.
Municípios se estruturam a partir da extensão e da cooperação
Nos três casos das cooperativas comandadas por extensionistas, Copacol, Coamo e Lar há participação relevante e decisiva na formação e desenvolvimento dos seus municípios de origem. O município de Cafelândia, sede da Copacol, surgiu depois da cooperativa. 85% da arrecadação de impostos vêm da Copacol. Situação similar ocorre com a Coamo e a Lar na participação do PIB de Campo Mourão e Medianeira.
Nos Campos Gerais, a extensão rural cumpre uma função de inclusão social. Na cooperativa Castrolanda, em Castro, colonização que começou com 50 famílias de imigrantes holandeses em uma área de três hectares, hoje tem mais de 2 mil colaboradores. Nessa área, a presença da extensão rural contribui para inserção da cooperativa ao ambiente produtivo local, bem como de novos produtores ao sistema cooperativo.
O secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara, recorda que a Emater teve participação no início do cooperativismo. “Com estudos e trabalhos de pesquisa, começou, a partir de 1970, a implementação dos projetos regionais, com resultados sustentados e de longo prazo, que permanecem com sucesso até os dias atuais.”
R$ 60 bilhões
Foi o faturamento das cooperativas vinculadas ao Sistema Ocepar em 2015.
Com a Cooperativa Integrada, de Londrina, no Norte do estado, região onde a extensão rural teve forte influência na condução dos diversos ciclos produtivos, esse recorte no faturamento das principais cooperativas com forte presença da extensão supera os R$ 20 bilhões, com mais de 50 mil cooperados. No total, em 2015 as cooperativas vinculadas ao Sistema Ocepar registraram um faturamento de R$ 60 bilhões. Para se ter uma ideia da dimensão desse resultado, a receita é superior ao orçamento do governo do Paraná para aplicação em todas as áreas da gestão pública.
Elas correspondem a 18% do Produto Interno Bruto do Paraná (PIB) e 56% da produção agropecuária paranaense. Formado em grande parte por pequenos produtores, o modelo cooperativista tem muito da essência da extensão rural. Ainda hoje, dezenas de cooperativas desenvolvem serviços em parceria com os extenisonais no interior do Paraná.
Valter Pitol, presidente da Copacol, em Cafelândia, e extensionista rural no início da década de 1970, lembra que o acompanhamento dos técnicos e agrônomos da Acarpa foi a base para consolidar a produção no Oeste do estado. “Nós trouxemos as primeiras ideias de como funcionava o cooperativismo e a importância da união. Além disso, auxiliamos em questões mais administrativas como regularização de terras e acesso a crédito”, destaca.
A Coamo Agroindustrial, no centro-oeste do Paraná, que no ano passado faturou sozinha mais de 10 bilhões de reais, tem um extensionista rural como presidente há mais de 40 anos. “A região era muito fraca produtivamente na época, basicamente com lavouras de subsistência. Eu e outros engenheiros agrônomos começamos o trabalho de assistência técnica, com análises e adubação, e aos poucos a produção foi melhorando. Os agricultores viram o resultado na prática, o que resultou na fundação da cooperativa”, conta José Aroldo Gallassini, diretor-presidente da cooperativa.
Na Região Oeste, o DNA da Emater está na Cooperativa Agroindustrial Lar. Irineu da Costa Rodrigues, diretor-presidente, é outro extensionista que na década de 70 participou da organização dos produtores para formação da cooperativa. Ele recorda que organizar a produção e incentivar o combate à erosão do solo foram fundamentais para o desenvolvimento da agricultura no estado. “Essa atuação continua muito importante nas práticas conservacionistas que contribuem com mais geração de renda às famílias”, afirma.
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