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Os gargalos logísticos que transformaram a safra recorde de grãos 2012/13 em problema são conhecidos pela iniciativa privada e pelo governo, mas não há articulação capaz de resolvê-los. A avaliação foi a tônica do Fórum Brasil Agro, debate realizado pelo Núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo com especialistas que reuniu 300 produtores e lideranças ontem pela manhã, em Londrina. A discussão abriu a agenda técnica da 53ª ExpoLondrina, que segue até dia 14. “Alguém tem que bater na mesa e destravar os projetos, fazer acontecer. Não tem projeto? Alguém tem que fazer”, desatou o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, depois de duas horas e meia de discussões.

A produção de grãos está avançando 15 milhões de toneladas e deve resultar em 185 milhões (t) nesta temporada. Soja e milho somam 155 milhões, volume apenas 4 milhões de toneladas menor que o previsto nos estudos estratégicos do governo para 2021/2022. Uma série de reportagens vem mostrando as dificuldades logísticas enfrentadas para esse avanço. O crescimento fez o preço do frete até o Porto de Paranaguá passar de R$ 70 para R$ 85 por tonelada de grãos em Cascavel (Oeste do PR) e de R$ 170 para até R$ 320 em Sorriso (MT). O programa que agenda a chegada das carretas no porto paranaense transferiu as filas para as estradas e pátios do interior do país. O tempo que os navios esperam para carregamento passa de 60 dias, o dobro do que o setor considera aceitável.

O governo conhece os problemas logísticos das principais linhas de escoamento da produção, mostrou apresentação de Abdon Juarez, representante da Empresa de Planejamento e Logística (EPL) do Ministério dos Transportes. Dezenas de rodovias integram a lista das estradas sobrecarregadas. As obras ferroviárias e a hidrovias que precisam ser equipadas também estão identificadas. Existe até previsão dos investimentos necessários para os próximos 30 anos: R$ 253 bilhões. A EPL, criada em 2012, aponta a concessão dos trechos estratégicos à iniciativa privada como saída para a atração de recursos.

Os projetos demoram para ser colocados em prática porque as decisões envolvem pelo menos quatro ministérios, disse Derli Dossa, assessor de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Ele contou que pressionar o governo se tornou uma tarefa constante dos articulistas do Mapa e que, considerando também os ministérios do Planejamento, da Fazenda e dos Transportes, as demandas do agronegócio não estão entre as dez prioridades da gestão Dilma Rousseff na distribuição dos investimentos públicos.

O Brasil precisa se preparar para, em 2022, escoar 250 milhões de toneladas de grãos, apontou Nelson Costa, superintendente adjunto da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). “Fizemos uma projeção moderada. Esse volume, conforme cálculos de outros setores, passa de 260 milhões de toneladas.” Os cálculos consideram como principal impulso o crescimento da produtividade da soja e do milho nas últimas décadas e a disponibilidade de mais 100 milhões de hectares para a agricultura, considerando as exigências do novo Código Florestal.

As novas tecnologias permitem aos produtores avançar numa época de preços internacionais elevados. O presidente da cooperativa Integrada, da região de Londrina, contou que a produção dos cooperados deve passar das 7 mil sacas de soja, colhidas na temporada passada, para 11 mil sacas, o que é resultado de uma produtividade de mais de 4 mil quilos por hectare. “Ainda não terminamos de colher, mas a safra está surpreendendo”, apontou. “Em julho já teremos que nos preocupar com o escoamento da produção de milho de inferno.”

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