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Revista especial: Pecuária sai do vermelho e assume onda de crescimento

Com margem de lucro, a pecuária retoma investimentos no Paraná. |
Com margem de lucro, a pecuária retoma investimentos no Paraná. (Foto: )
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Gado nelore em área de integração lavoura-pecuária-floresta em Bandeirantes (MS). Concentração de animais por hectare deve aumentar |

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Gado nelore em área de integração lavoura-pecuária-floresta em Bandeirantes (MS). Concentração de animais por hectare deve aumentar

Com cotações recordes, custos de produção estabilizados e previsão de muito churrasco pelo mundo, a bovinocultura brasileira entra numa fase de prosperidade, mostram os números do setor. Os preços da arroba de boi (14,688 kg) subiram 17% no Paraná e 20% em Mato Grosso nos últimos 12 meses e voltaram a cobrir os custos com folga. A meta é avançar em genética e aumentar a concentração de bois por hectare.

Conforme dados do Laboratório de Pesquisas em Bovinocultura da Universidade Federal do Paraná (Lapbov) e da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), a rentabilidade por cabeça de gado vai de R$ 300 a R$ 400 no Paraná, depois de um período negativo. Um ano atrás, as despesas eram de R$ 102 por arroba, aponta o Lapbov, quando a cotação estava em R$ 95. Um animal de 500 quilos dava prejuízo de R$ 240 nas fazendas com custo padrão. Com gastos e preços menores, os estados do Centro-Oeste seguem a mesma tendência.

O que mudou foram os preços. Os custos estão praticamente nos mesmos patamares de 2013, mas a arroba ultrapassou R$ 110, com picos acima de R$ 120 nas principais praças do país.

A tendência, segundo os especialistas, é que esse ciclo de alta vá além do ano de Copa do Mundo e seja estimulado também pela onda de consumo até as Olimpíadas de 2016. A perspectiva leva em conta também o tempo que a atividade vai levar para recompor a oferta de animais.

“O abate tem sido antecipado e isso encurta os ciclos de altas e baixas nos preços. Estamos entrando num ciclo de alta que pode durar três anos”, afirma o analista de mercado Antônio Guimarães, da Scot Consultoria. O exterior promete comprar mais do Brasil, acrescenta. “Os Estados Unidos estão com o menor rebanho dos últimos 60 anos e a Austrália também tem problemas de oferta.”

Resposta à pressão

A pecuária brasileira limitou o rebanho não só pelas cotações apertadas. As lavouras de grãos “roubaram” 6 milhões de hectares da bovinocultura no Brasil, devido principalmente à valorização da soja e do milho.

Parte dessa área foi arrendada para agricultores e parte transformada em plantação pelos próprios pecuaristas, aponta o zootecnista Paulo Rossi Júnior, professor da UFPR que coordena o Lapbov. “Hoje é que começamos a ver o impacto disso no mercado. No Paraná, o espaço de pastagem perdido produzia bezerros. O rebanho encolheu principalmente pelo abate de matrizes.”

Retomada

Com margem de lucro, a pecuária retoma investimentos. “Os preços devolvem renda e estimulam a engorda em confinamento. Esse ciclo [de preços remuneradores] deve durar de um a dois anos. Quem dita o futuro é o consumo”, aponta o analista de mercado Aedson Pereira, da Informa Economics FNP.

Em Mato Grosso, as pastagens ganham resistência frente aos grãos. “O aumento da arroba gera demanda para quem cria bezerro, porque uma hora o plantel precisará ser reposto. Além disso, a lotação por hectare no estado, que hoje está entre 1,20 e 1,26 animal por hectare, tende a subir. Apesar de o preço da soja ainda estar favorável, a recuperação do boi deve conter o avanço da oleaginosa sobre os pastos”, avalia o analista de bovinocultura do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), Fabio Dias. Para o próximo ano, a estimativa é de crescimento do rebanho, atualmente em 28 milhões de cabeças no estado, maior produtor nacional, e em 202 milhões no país.

A valorização do boi em pé está relacionada aos veranicos dos últimos meses. A estiagem obrigou os pecuaristas a antecipar o abate dos animais, que agora fazem falta.

A densidade de bovinos no campo continua baixa no Brasil, em cerca de 1,34 animal por hectare em 2013. Cinco anos antes, o índice era de 1,26.

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