Atualmente, o país é responsável por apenas 1% das relações comerciais, mesmo ocupando a sétima colocação entre as maiores economias do mundo.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Em 2017, a balança comercial teve o melhor 1º semestre em 29 anos com superávit de US$ 36 bilhões. Deste volume, o agronegócio respondeu por 46%. No entanto, mesmo com esse resultado surpreende, é preciso exportar mais. Atualmente, o país é responsável por apenas 1% das relações comerciais, mesmo ocupando a sétima colocação entre as maiores economias do mundo.

CARREGANDO :)

Segundo a consultora em Negócios Internacionais, Tatiana Palermo, o campo é um dos setores mais competitivos da economia brasileira. “O Brasil atravessa uma séria recessão econômica. Atualmente, há em andamento uma ambiciosa agenda de recuperação, com foco no equilíbrio fiscal e na ampliação da participação da iniciativa privada. No entanto, é preciso investir em uma política de comércio exterior séria para um crescimento sólido”, afirma. Palermo participou do painel “Mercado Internacional: Desafios e Oportunidades à Exportação”, no 5º Foro de Agricultura da America del Sur.

Segundo Tatiana, o protecionismo cresce no mundo e as tarifas praticadas pelo Brasil não são nada competitivas. Para pior a situação, o país ainda enfrenta sérias restrições por causa de barreiras sanitárias e fitossanitárias. “O Brasil apostou todas suas fichas na OMC. O País não tem nenhum acordo bilateral com um mercado relevante”, diz.

Publicidade

A especialista ressaltou a importância do país se abrir. “É muito comum ouvir exportador afirmando que o consumo interno dá conta se os mercados se fecharem. Isso não é verdade. Atualmente, 95% do suco de laranja são exportados, 80% da soja, 71% do café. O Brasil depende do mercado exterior. Por isso é importante baixar as tarifas, investir em novos acordos. E, principalmente, não esquecer que o comércio internacional é uma via de mão dupla. Temos que exportar e importar. É assim que se faz comércio”, defende.

Professor de Relações Internacionais da Universidade Positivo, Gustavo Iamin, que também participou do painel, concorda com Tatiana Palermo. “O protecionismo não é novidade. Já tivemos em séculos passados em diferentes momentos. O comércio exterior evoluiu a partir da Segunda Guerra Mundial, com surgimento da ONU, FMI e OMC. E os países da Europa e do Sudeste asiático foram os que mais apostaram nisso e se recuperaram com força, mostrando que o modelo econômico é bem sucedido”.

Iamin diz que o discurso protecionista está em alta, mas na prática, grandes mercados ainda não se fecharam. “Apesar do Trump e, mais recentemente o Partido Democrata adotarem o mesmo discurso, França, Reino Unidos, Alemanha, continuam abertos. É preciso continuar neste caminho, ficarmos atentos e cobrar das áreas e ministérios responsáveis”.