Como será a agropecuária daqui a 50 ou 100 anos, é impossível dizer com certeza. O fato é que ela não será igual e a razão é simples: o mundo não estará do mesmo jeito.
Sob o efeito cada vez mais intenso das mudanças climáticas, a atividade terá que beirar a perfeição, sem direito a grandes perdas. Para especialistas, só há uma maneira de chegar a esse patamar: alto investimento em tecnologia.
“A agricultura já é muito profissional, mas terá que ser ainda mais eficiente numa situação climática não muito favorável”, avalia Mateus Barros, líder das operações sul-americanas da Climate Corporation. Barros estará no 4º Fórum de Agricultura da América do Sul, entre os dias 25 e 26 de agosto, para apresentar a experiência com a companhia norte-americana adquirida pela Monsanto em 2013.
Segundo ele, a expectativa é disponibilizar a plataforma na região dentro de dois anos, mas ela já aponta para o que deve ser o campo num futuro de eventos climáticos extremos, como longos períodos de estiagem ou temporais mais frequentes, o que, hoje, pode provocar quebras bilionárias. “Teremos o uso mais frequente de sensores que permitem avaliar condições específicas de fazenda para fazenda. Tudo isso vai ajudar o produtor a compreender e se antecipar a essas mudanças”, salienta o executivo.
No Brasil, pesquisadores da Embrapa também têm se dedicado a entender como o futuro da agricultura passa por estas transformações.
De acordo com Eduardo Assad, da Embrapa Informática, já é possível prever com 80% de precisão o comportamento do clima durante a safra e fazer projeções até o ano de 2040, a partir do zoneamento agrícola. Mas, frisa o pesquisador, é preciso agir agora para que o quadro não piore. “Esses modelos têm como base um aumento médio de até 2°C na temperatura do planeta, em relação aos níveis pré-industriais. Acima disso, não sabemos o que pode acontecer e, atualmente, já temos uma elevação de mais de 1°C”, salienta.