Da safra 2016/17, o produtor Leandro Bernardelli de Oliveira, de Itumbiara (GO), só vai levar um arrependimento: não ter plantado mais soja. “Meu pai tem uma área aqui perto e disse que, esse ano, iria renovar com cana-de-açúcar, mas, que se eu quisesse, poderia entrar com soja para ver no que dava”, conta o produtor, nascido e criado na cidade do sul de Goiás, quase divisa com Minas Gerais. “Fiquei com um pouquinho de receio. Por ser área antiga de cana, o terreno é meio ‘defeituoso’ e tem muita doença que a cana deixa. Mas olha, eu me arrependi de não ter plantado lá, também.”
Até o ano passado, Leandro produzia cana para abastecer indústrias de açúcar e álcool na região, mas, como não achou vantajosa a negociação para esta temporada, resolveu voltar para a soja, que não cultivava há sete anos.
O retorno não poderia ter vindo em hora melhor: apostando numa variedade tardia, ele escapou do veranico de 20 dias no início do plantio, em outubro. Agora, se prepara para colher uma média de 65 sacas por hectare (sc/ha). E é aí que “bateu o remorso”: sozinho, Leandro dedica 60 hectares à oleaginosa, mas, somando todos os familiares que tem propriedades na vizinhança, a área chegaria a 3 mil hectares. “Acho que a soja dá mais estabilidade. É lógico que depende muito do clima, mas ela é mais estável, como se fosse uma receita: se você fizer direitinho, dá tudo certo”, avalia o agricultor.
No restante da região, existe um vai e vem entre agricultores, mas, de cinco anos para cá, segundo o diretor do Sindicato Rural de Itumbiara, Wagner Garcia, é o setor sucroalcooleiro que tem predominado. As áreas de cana-de-açúcar estão em 32 mil hectares, ao passo que a soja, hoje, ocupa 25 mil hectares. No entanto, com as produtividades conquistas em 2016/17, o cenário pode mudar. “Se você juntar a soja e o milho safrinha, fica melhor para o produtor”, salienta Garcia.
Ainda que os preços estejam abaixo do que os agricultores desejam, o mercado, dependendo da estratégia, também pode se tornar favorável. “Muita soja foi vendida antecipadamente por aqui, mais ou menos 40% da produção”, reforça o diretor do sindicato rural, num cenário bem diferente do observado em outras regiões, onde a comercialização não passou de 20%, mesmo durante o período de cotações acima de R$ 70/saca.
De olho nas oportunidades, Leandro de Oliveira está decidido a manter os dois pés na soja. “Neste ano, meu pai vai ter outra área e vou plantar soja lá. Serão 60 hectares aqui e mais 150 hectares lá”, completa o produtor.
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