Assim como em boa parte do país, os produtores rurais de Abelardo Luz, no Oeste de Santa Catarina, estão otimistas com o ciclo 2016/17. As chuvas caíram nas datas cruciais e em volumes adequados. Quebra, perdas, medo e crise não estão no vocabulário daqueles que plantam na capital nacional da semente de soja, título conferido em 2014, após uma Lei Federal ser sancionada.
No principal polo produtor de grãos no estado, a preocupação – ainda incipiente – é com o tempo. Faltando exatamente um mês para o verão começar, o frio pela manhã ainda não foi embora. Com muitas lavouras em estágio vegetativo, ainda não é possível precisar se a amplitude térmica (diferença entre a temperatura mínima e a máxima) das últimas semanas vai trazer algum impacto para as lavouras de soja. “Por enquanto, o único fator diferente do ciclo anterior é esse”, explica o responsável pelo departamento técnico da Coamo em Abelardo Luz, o engenheiro agrônomo José Ciro Rodrigues.
Um dos produtores cooperados da Coamo, Nerci Santin Júnior, está tentando até uma técnica relativamente nova para evitar imprevistos: jogou açúcar em parte dos 280 hectares (ha) dedicados à soja. Além dos insumos habituais, a aposta tem como embasamento técnico um estudo elaborado por pesquisadores da Unesp. “O açúcar tem nutrientes importantes para o desenvolvimento da planta, principalmente neste cenário de frio tardio”, afirma. O produtor que também planta milho e feijão, espera produzir 70 sacas de soja por hectares, quatro a menos do que no ciclo passado. “A safra passada foi excepcional. É claro que queremos repetir, mas ainda é cedo”, explica.
Abelardo Luz tem 45 mil hectares de soja, 8 mil de milho e 4 mil de feijão. No caso da oleaginosa, 90% estão em estado vegetativo e 10% em semeadura. Com uma janela de plantio mais extensa que em outras regiões do país, explica o gerente da unidade da C.Vale em Abelardo Luz, Júlio Cesar Pias Silva, muitos produtores estão finalizando a colheita do trigo. “Estão nos últimos dias”, diz. “Mas por enquanto, por aqui, tudo está dentro da normalidade, não registramos nada fora do normal nas lavouras”, conta.
Cooperado da C. Vale, o produtor Elizandro Fiorese, estava colhendo os últimos hectares de trigo nesta segunda-feira (21). Enquanto colhia, a equipe da fazenda começava o plantio de soja. Neste ano, Fiorese espera colher 75 sacas por hectare. Ao todo,Produto ele vai plantar 450 ha de soja. “Estamos otimistas. Já vendemos 20% antecipadamente e vamos ver como os preços vão se comportar. O clima está ajudando e investimos bastante entre a última safra e a atual, embora os custos de produção tenham subido consideravelmente”.
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