Illinois lidera a produtividade de grãos nos Estados Unidos, tanto em milho quanto em soja.| Foto: Flávio Bernardes/Gazeta do Povo

Terry Giannoni, norte-americano de família italiana. Como não poderia deixar de ser, fala em inglês, mas se comunica com as mãos. Enquanto gesticula, Terry aponta para o céu, mostra as nuvens. “Já não devia estar assim, as chuvas vem em abril e maio, nessa época o tempo é seco”, diz ele. O produtor tem uma área em Lexington, a cerca de 30 km de Bloomington, principal polo agrícola do estado de Illinois, na região do Corn Belt, o Cinturão do Milho nos Estados Unidos.

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A lavoura de Giannoni, em plena colheita, assim como o estado onde está sua fazenda, é o retrato de uma safra sem precedentes no país. À exceção de Idaho e Washington, cujas áreas de plantio são bem menores, em proporção que prejudica comparações, Illinois lidera a produtividade de grãos nos Estados Unidos, tanto em milho quanto em soja. A previsão do departamento de agricultura, o USDA é de 211 sacas ou 12.660 quilos/hectare (16,5% acima da média nacional) e 70,2 sacas ou 4.212 quilos/hectare (20,6% a mais do que no restante dos EUA), respectivamente.

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Com a colheita avançando para a metade final, tudo indica uma safra recorde na região, superando inclusive a média de 209 sacas/ha alcançada com o milho e 63,3 sacas de soja/ha em 2014. “Nós conversamos com boa parte dos nossos associados e eles contaram que a produtividade está de 10% a 20% maior, na comparação com o ano passado”, afirma Phil Thornton, responsável pelo setor de agregação de valor no Illinois Corn, instituição que representa os produtores de milho do estado.

Apesar do desempenho, Terry Giannoni não tira os olhos das nuvens. Ele lamenta e alega que se não fossem as chuvas pesadas que vieram em excesso logo após fase do plantio, em junho, o resultado poderia ser ainda melhor. A preocupação, segundo o produtor, é que o mercado trabalha com a previsão de uma super-safra em um momento crucial de se estabelecer preços. Em sua opinião, no final o resultado não será tudo isso que está se prevendo. “Nós vamos ter uma boa colheita, mas não vai ser fantástica”, salienta.

“Os nossos produtores estão muito orgulhosos pela safra, pela produtividade, pela qualidade, mas ansiosos em relação ao mercado. Os preços estão baixos e, nos últimos anos, eles tiveram muitas perdas”, acrescenta a porta-voz do Illinois Corn, Tricia Braid. Em 2016 os norte-americanos devem colher, conforme as últimas estimativas, mais de 380 milhões de toneladas de milho e mais de 115 milhões de toneladas de soja. São quase 500 milhões de toneladas, um acréscimo de 50 milhões de toneladas em relação ao ciclo anterior, com apenas duas culturas.