Boa parte da soja e do milho cultivados no estado é destinada à alimentação animal.| Foto: Flavio Bernardes/Gazeta do Povo

Wisconsin, no norte dos EUA, não é exatamente o maior produtor de grãos do país, mas apresenta algumas peculiaridades que fizeram dele o primeiro ponto de parada da Expedição Safra nos Estados Unidos. E não foi porque o estado lidera o cultivo de cranberries, frutinha vermelha típica de regiões mais frias, por exemplo, ou carrega a faixa de campeão nacional na produção de leite.

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FOTOS: confira as imagens do primeiro dia de viagens da Expedição Safra pelos EUA.

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Com uma colheita estimada em 16,7 milhões de toneladas de milho e soja, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (Usda), Wisconsin ostenta mais de 40% de suas lavouras de com índice “excelente” de qualidade, acima da média nacional de 20% e mais do que qualquer outro estado norte-americano. “E tem sido assim todos os anos. As condições aqui são perfeitas para produção. Nós tivemos praticamente chuvas programadas, por isso o desenvolvimento foi muito bom”, afirma o porta-voz do escritório regional da Federação de Agricultura do país, Casey Langan.

Se, por um lado, o desempenho das lavouras tem apontado para uma safra recorde, por outro a aparente discrepância entre oferta e demanda pode levar a uma queda brusca nos preços, ainda mais com a produção brasileira, que já está a caminho. Na bolsa de Chicago, a saca de 60kg de soja vem sendo negociada na casa de US$ 21,1. Especialistas ouvidos pelo Agronegócio Gazeta do Povo discordam em relação a quanto (estimam que o preço da saca fique entre US$ 19,8 e US$ 20,35), mas são unânimes em dizer que a queda parece ser inevitável.

É a preocupação do produtor Mark Halverson, dono de uma fazenda de 400 hectares em Deerfield, a 30km de Madison, capital do Wisconsin. Com produtividade de mais de 70 sacas/ha, ele conta que já negociou aproximadamente 20% dos grãos cultivados. “Já deveria ter vendido mais de 40%”, brinca, porém com um fundo de verdade e aquela pontinha de arrependimento. Ainda assim, sorridente e receptivo, o fazendeiro se diz satisfeito: depois de décadas do ofício, que aprendeu com os pais, o fazendeiro diz que este é o seu o último ano antes da aposentaria. “O sentimento é de alegria para nós, apesar dos preços. Mas com uma colheita maior, temos como compensar isso”, completa.

Maior produtor de queijo e segundo maior de leite, em Wisconsin é a vaca Sally quem dá as boas vindas aos visitantes.
Boa parte da soja e do milho cultivados no estado é destinada à alimentação animal.
Segundo último levantamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o estado já colheu 24% da área de milho.
E 47% da área cultivada com soja, quase 20% de atraso em relação à última safra.
As chuvas que ajudaram no crescimento da lavoura, agora atrapalham o trabalho de campo.
Logo em seu primeiro dia nos EUA, a Expedição Safra já percorreu quase 600 km.
De acordo com o Wisconsin Farm Bureau Federation (escritório regional da Federação de Agricultura), o estado tem hoje 69 mil fazendas, que gerou um PIB local de US$ 88,3 bilhões.
Ao todo, Wisconsin cultiva 5,8 milhões de hectares . Nesta safra, o milho ocupou 1,65 mi (ha) e a soja, 0,8 mi (ha).
Casey Lagan e Amy Eckelberg, do Wisconsin Farm Bureau.
O fazendeiro Mark Halverson, de Deerfield (a 30km de Madison, capital do Wisconsin): apesar da preocupação com a provável queda nos preços, ele aposta na quantidade para evitar prejuízos.
A colheita é estimada em 16,7 milhões (t) de grãos, aumento de 11% em relação à safra passada.