Com a melhora das condições climáticas nas últimas semanas, os produtores paranaenses de soja conseguiram uma “arrancada” considerável no ritmo de colheita, saltando de 9% para 27% da área estimada em uma semana, conforme os boletins mais recentes do Departamento de Economia Rural (Deral) da secretaria estadual de agricultura.
Ainda assim, salienta o Deral, os trabalhos de campo seguem atrasados na comparação com o mesmo período do ano passado, quando aproximadamente 50% das lavouras já haviam sido colhidos. “No início do plantio, no mês de setembro, ocorreu um período longo de estiagem que impediu parte dos produtores de realizar a semeadura”, explica o economista Marcelo Garrido. “O déficit hídrico só foi regularizado a partir de outubro. A falta de luminosidade e o excesso de chuvas, principalmente nos meses de dezembro e janeiro também foram determinantes para o atraso no desenvolvimento das lavouras.”
Embora atrasada e 3% abaixo da safra anterior, a colheita esperada ainda pode ser considerada cheia, salienta o Deral, com 19,28 milhões de toneladas. “Os números apontam um acréscimo de 4% na área semeada e de um recuo de 3% na produção a ser obtida. O aumento na área foi causado pelos preços mais compensatórios que a cultura obteve em comparação com a cultura do milho, que concorre com a soja na primeira safra”, diz Garrido. “Já o recuo na produção acontece devido ao retorno de condições consideradas ‘mais normais’ de clima. Na safra 2016/17 o clima foi considerado perfeito.”
Com base em visitas a lavouras do estado durante o mês de fevereiro, a expectativa da Expedição Safra é um pouco mais otimista, com previsão de 20,6 milhões de toneladas sustentados pelo ganho em área, que, no atual ciclo, deve fechar em 5,5 milhões de hectares.
Em Mato Grosso, os trabalhos de campo já ganharam mais corpo, atingindo 58,3% dos 9,42 milhões de hectares semeados com soja, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA). Assim como o Paraná, o estado também atravessou períodos de dificuldade no início da semeadura, com a falta de chuvas, e no começo da colheita, o excesso de água. Em 2017, o índice de colheita era de 66,1% no final de fevereiro. Por outro lado, os mato-grossenses estão até acima da média histórica na região, que é de 57,85%. Por lá, o ambiente também é de otimismo com o desempenho das lavouras. “Em relação aos últimos anos, se não tivesse a safra passada, seria a melhor dos últimos tempos”, destaca o gestor técnico do IMEA, Paulo Ozaki. “Ano passado foi fenomenal. Essa safra atual é muito boa.”
Milho Safrinha
Enquanto as colheitadeiras avançam nos campos de soja, as plantadeiras com as sementes de milho seguem a trilha, na tentativa de recuperar o tempo perdido e evitar fases de risco climático mais acentuado para a safrinha. Em Mato Grosso, os agricultores semearam 68,43% dos 4,46 milhões de hectares com o cereal, o que significa 10% de atraso no comparativo com a temporada anterior, mas, em contrapartida, iguais 10% à frente da média dos últimos cinco anos.
Já no Paraná, produtores têm encontrado mais dificuldade para implantar as lavouras de milho segunda safra. O índice de semeadura está em 42%, que representou um avanço de 26% em uma semana. Para esta época do ano, o normal seria estar acima de 50%. No ciclo anterior, o número já havia ultrapassado os 70%. “Este atraso pode resultar em uma alta concentração de plantio em um mesmo período e assim uma maior exposição aos riscos climáticos”, ressalta o a analista do Deral, Edmar Gervásio. “A primeira safra, que teve sua colheita iniciada deve totalizar 3 milhões de toneladas, redução de 40% quando comparada à safra anterior”, complementa. O recuo expressivo se deve a uma redução de 35% na área, conforme o Deral.
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