Em Luis Eduardo Magalhães, na Bahia, o produtor Cícero José Teixeira comemora uma média acima de 80 sacas por hectare na propriedade de quase mil hectares.| Foto: Daniel Caron/Gazeta do Povo

Ajudado pelo clima e pela regularidade das chuvas, o Oeste da Bahia, maior polo agrícola do Nordeste e um dos principais da América Latina, com 2,2 milhões de hectares cultivados, deverá alcançar nesta safra um novo recorde de produtividade de grãos.

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“Não houve período maior do que dez dias sem chuva. O clima foi muito favorável e a soja ficou mais bonita. É fato consolidado, esperávamos 56 sacas por hectare de média na região, mas devemos nos aproximar das 60 sacas”, diz Luiz Stahlke, assessor de agronegócio da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), sediada no município de Barreiras. A leguminosa é a principal cultura em área plantada nesta região altamente tecnificada da Bahia, com 1,6 milhão de hectares, dos quais 150 mil recebem irrigação. O algodão é cultivado em 260 mil hectares e, o milho, em 140 mil.

O desempenho do Oeste baiano confirma a projeção de maior produção da história do Matopiba (confluência de áreas agrícolas do Cerrado do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), constatada junto a técnicos e produtores pela Expedição Safra, que já rodou 4.200 km desde a saída de Curitiba, dia 19.

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Em Guaraí, no Tocantins, com 45% da área colhida, o produtor Claudevino Pinheiro projetava uma média final de 60 sacas de soja por hectare. Quando o clima ajuda, disse ele, “caprichou, o Cerrado produz”.

“Não ouvi falar de produtividade abaixo de 60 sacas”, resumiu José Eugênio Barberato Junior, agrônomo da cerealista Agrex, em Gurupi, também no Tocantins. Em Balsas, no Maranhão, o corretor José Gabriel, da Mapito Agro, avaliou que esta foi a melhor safra já registrada. “A média não será de menos de 55 sacas por hectare”, sentenciou. No que depender dos 5.700 hectares de soja da família Hendges, também de Balsas, a média vai subir. Com 45% da área colhida, o resultado parcial foi de 60 sacas por hectare.

Na fronteira agrícola do Piauí, os irmãos Leivandro e Fernando Fritzen, da Serra do Quilombo, informaram que com metade da área colhida a média da propriedade estava em 63 sacas por hectare, e ainda deveria subir. A família Milla, de Baixa Grande do Ribeiro, também aposta que chegará à média de 60 sacas, em 10.300 hectares de soja. O que segura o aumento da produtividade é a incorporação de novas áreas – no caso dos Milla, mais 1.000 hectares de Cerrado acrescentados à operação – que costumam “arrancar” com apenas 40 sacas no primeiro ano, puxando a média para baixo.

Em Luis Eduardo Magalhães, na Bahia, o produtor Cícero José Teixeira comemora uma média acima de 80 sacas por hectare na propriedade de quase mil hectares. O melhor rendimento anterior tinha sido no ano passado, com 62 sacas de média. “Vínhamos fazendo tudo certo, plantando com tecnologia, materiais genéticos adequados, adubação e construção de matéria orgânica no solo. Daí, com o clima que Deus nos deu nesse ano, a produtividade não tinha como não ser recorde”, resume.

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Nos 300 hectares irrigados com pivô central, a produtividade do seu Cícero bateu em 103 sacas por hectare. “Estive no Paraná há alguns anos num dia de campo e vi que o pessoal estava passando de 100 sacas. Eu pensei: vamos faze a mesma coisa na Bahia, e agora isso está acontecendo”.