O plantio de soja está autorizado há 20 dias no Rio Grande Sul, terceiro maior produtor brasileiro da oleaginosa. No dia 26 de outubro, o Emater divulgou uma estimativa de que 3% dos 5,8 milhões de hectares previstos para a safra 2018/19 de soja no estado tinham sido semeados.
Esse percentual, no entanto, deve rapidamente chegar aos dois dígitos. As plantadeiras avançam com velocidade nas lavouras gaúchas, principalmente com a janela de sol aberta no último fim de semana, que permitiu que produtores continuassem a colheita do trigo e abrissem área para a cultura de verão. Tradicionalmente plantada em novembro, a semeadura da oleaginosa vem sendo antecipada ano após ano, com bons resultados para o produtor.
Segundo o diretor técnico da Aprosoja Brasil, Nédio Argenton Giordani, o bom desempenho de novas cultivares precoces está permitindo a mudança. “Novas variedades de sementes adaptadas estão sendo usadas pelos produtores, com bons resultados de produtividade. Não é preciso mais esperar até novembro”, conta. Segundo Giorgani, a semeadura mais cedo permite que o produtor economize, principalmente na aplicação de fungicida. “Quando ocorrer a pressão da ferrugem lá na frente, normalmente em janeiro, a soja vai estar mais adiantada. E o produtor também não corre o risco de ficar exposto ao calor em março”, explica. O diretor da Aprosoja também cita a colheita precoce das culturas de inverno como outro fator.
Na região de Cruz Alta, uma das mais produtivas do estado, no Noroeste gaúcho, 30% da área de soja foi semeada até segunda-feira (29), principalmente em grandes propriedades. Em Santa Bárbara do Sul, cidade vizinha, o produtor Dari Augusto Baiotto, com os filhos Fabiano e Adriano, corriam para terminar de plantar 470 hectares que vão dedicar à soja. Neste ano, conta o pai, o plantio começou dia 20 e termina na virada do mês. No ano passado, começou dia 23 de outubro e terminou em 6 de novembro. “A gente aproveitou bem a janela”, diz Fabiano.
Com boas médias de produtividades há anos, Dari Baiotto espera uma safra cheia novamente. “Nosso investimento é para passar de 80 sacas por hectare. E a expectativa, principalmente com o clima previsto para os próximos meses, é de que vamos conseguir”, aposta o patriarca.
O gerente regional da cooperativa C.Vale em Cruz Alta, Luciano Trombetta, diz que a antecipação do plantio está muito ligada ao clima e à produtividade de anos anteriores. “Os produtores plantaram mais cedo nos últimos anos, com um bom clima, e tiveram bons índices. Se houver uma situação com clima desfavorável, talvez isso seja revisto”, explica.
Segundo Trombetta, a condição de plantio está dentro das expectativas. “Eu observo um produtor ansioso com o clima. Apreensivo. A retração dos preços nos últimos meses inibiu um pouco do investimento em muita tecnologia. O produtor daqui quer fazer mais com o que ele tem em mãos”, diz.
Para o diretor técnico da Aprosoja Brasil, Nédio Argenton Giordani, a média deve ser maior. “Devemos ter boas chuvas em todas as regiões, principalmente no Sul do estado, que sofreu com estiagem no último ciclo. O produtor está animado, a busca por altas produtividades está grande”, conta.
Na última safra, o Rio Grande do Sul produziu quase 19 milhões de toneladas de soja. Com uma média de 50 sacas por hectare. A média foi puxada para baixo por causa de uma longa estiagem que atingiu o Sul do estado e a região de fronteira com a Argentina e o Uruguai.
Explosões em Brasília tem força jurídica para enterrar o PL da Anistia?
Decisão do STF que flexibiliza estabilidade de servidores adianta reforma administrativa
Lula enfrenta impasses na cúpula do G20 ao tentar restaurar sua imagem externa
Xingamento de Janja rouba holofotes da “agenda positiva” de Lula; ouça o podcast
Deixe sua opinião