A Expedição Safra Gazeta do Povo entra na reta final dos trabalhos de campo da safra 2016/17 com uma jornada pelo Paraguai, Argentina e Uruguai. Técnicos e jornalistas iniciaram os trabalhos na região da meia-lua da soja paraguaia, com visita a produtores e indústrias.
O roteiro foi marcado pela realização de um seminário em Hernandarias, na fronteira com o Brasil. Esse foi o 7º seminário do ciclo atual. Os outros aconteceram em Cruz Alta (RS), Barreiras (BA), Brasília (DF), Rondonópolis (MT), Maringá (PR) e Uruçuí (PI).
O encontro foi na sede da sementeira Agro Santa Rosa. Breno Batista Bianchi, presidente do empreendimento, lembrou que a empresa foi a primeira sementeira privada do Paraguai e falou da importância da agricultura para o país. “Estamos aqui há 40 anos e estamos sempre em busca do desenvolvimento do agronegócio”, diz.
Para uma plateia de aproximadamente 50 pessoas, o coordenador do Núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo, Giovani Ferreira, falou sobre a importância do Paraguai no cenário internacional, principalmente depois de um ciclo espetacular, em que o país vizinho colheu aproximadamente 9,5 milhões de toneladas de soja, uma marca nunca antes atingida. “O Paraguai vive uma situação muito parecida com o Brasil. É um player que ganhou muita importância no mercado mundial de grãos e fortalece a força do bloco sul americano”, afirma.
Durante a apresentação, Ferreira citou dados impressionantes sobre o país na última década. No caso da soja, o Paraguai cresceu 37% em área e 50%. O mesmo movimento aconteceu com o milho e com o trigo. “Isso demonstra o quanto o país cresceu em produtividade, em tecnologia e investimento”, afirma.
Assim como o Brasil, diz o coordenador de Agronegócio da Gazeta do Povo, o Paraguai demanda de mais infraestrutura, no entanto, será o grande celeiro do mundo na próxima década.
“Nós, a América do Sul, somos responsáveis por quase metade da produção mundial. Com os dados divulgados pelos Estados Unidos para a próxima safra, de redução de área e produção, observamos uma estagnação que vai ser suprida pelo nosso bloco”, diz. “Com um bom planejamento, uma boa estratégia e foco no comércio exterior, nós seremos os únicos com a capacidade de suprir a demanda mundial”, completa.
Trigo, o berço do Paraguai no campo
Durante o seminário da Expedição Safra, o engenheiro agrônomo Cesár Hannich, da empresa Agrolink, fez uma exposição sobre o trigo no Paraguai. Cultura, que segundo ele, abriu caminho para o país se tornar uma potência na produção agrícola. “O Paraguai produz 1 milhão de toneladas de trigo. Temos capacidade de aumentar nossa produção, somos referência em qualidade”, afirma. A nação, segundo ele, também colheu uma safra excepcional e atualmente sofre com problemas de preços, que despencaram 20% nos últimos dois anos. “Mas a situação deve mudar. O Brasil já sinalizou um encolhimento na área dedicada ao cereal, e nós tivemos um aumento na demanda interna. Com tecnologia, manejo e eficiência, podemos triplicar a nossa produtividade”.
Planejamento e estratégia
O diretor de Mercados da Partner Consulting, Pedro Gonçalves, falou sobre a importância do planejamento e da estratégia no agronegócio. Segundo o consultor, no mercado atual, empresários e colaboradores começam o dia ‘apagando incêndios’. Situação que poderia ser evitada com planejamento de longo prazo. “Pensar no futuro parece algo tão óbvio, mas não é tão simples. Quantas pessoas param para pensar?”, questiona.
De acordo com Gonçalves, a necessidade de um bom planejamento se torna ainda mais evidente em países com instabilidade política e econômica, como no caso do Brasil e Paraguai. “Somos craques em crises. Sabemos lidar com incertezas. E é isso que precisamos levar para as empresas. Planejamento não é algo teórico, precisamos colocar em prática, direcionar melhor as decisões. O campo depende do clima? Depende. Precisamos ter uma estratégia para atuar de acordo com cada situação que não depende de nós. Um planejamento para seis meses, três, cinco anos”, explica.
O consultor também citou a questão da governança coorporativa. “Cada vez mais, pequenas e médias empresas, não só as grandes, se preocupam em como conduzir os negócios, seja no campo na cidade. Planejamento e estratégia não fazem sentido sem governança”.
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