Em Minas Gerais – quarto maior produtor de suínos do país, com 400,1 mil toneladas em 2015 –, o otimismo entre os suinocultores é grande. Mesmo num ano marcado pela crise do milho, que disparou no primeiro semestre, os produtores mineiros não deixaram de apostar no setor e continuam investindo em matrizes, granjas e tecnologia. O otimismo dos criadores mineiros está atrelado ao preço do quilo do animal no mercado, atualmente cotado em R$ 4,20, um dos mais elevados do Brasil.
Ao contrário de outros estados, em que normalmente o preço é ditado pela indústria, em Minas Gerais, o valor do quilo do suíno vivo é definido numa bolsa que reúne representantes dos frigoríficos e dos produtores, todas as segundas-feiras, na sede da Associação dos Suinocultores de Minas Gerais (Asemg), em Belo Horizonte. Com base nos dados recolhidos nas granjas, redes varejistas e frigoríficos, o preço é fechado. “A bolsa é uma ferramenta importante tanto para o produtor quanto para o frigorífico. Temos informação e confiabilidade, por isso dá certo. É claro que temos alguns gargalos, mas procuramos atender os dois lados. E com isso todo mundo sai ganhando”, explica vice-presidente da Asemg, José Arnaldo Cardoso Penna.
7,8 mil
quilômetros foi a distância percorrida pela equipe de técnicos e jornalistas da Expedição Suinocultura 2016. Foram visitadas mais de 25 cidades de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais. Juntos, esses estados respondem por mais 80% da produção nacional.
Diferentemente dos líderes nacionais, como Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, onde quase 90% da produção se concentram entre cooperados e integrados, em Minas Gerais, 80% das 1,4 mil granjas estão nas mãos de suinocultores independentes, principalmente dos pequenos, aqueles com menos de 500 matrizes. Outra diferença está no modelo de produção. Por lá, predomina o ciclo completo, em que todas as etapas da produção são feitas na mesma granja. Na região Sul, o mais adotado é a verticalização, quando um produtor assume apenas uma das fases.
Realidade
Em Pará de Minas, o suinocultor José Lourenço ampliou o número de matrizes de 250 para 900, no último semestre, justamente durante a crise. Ele construiu e automatizou as granjas da propriedade e continuará expandindo até chegar a 1 mil matrizes. “Eu não posso reclamar”, conta Lourenço, que vende 450 suínos semanalmente para frigoríficos da região. “O mercado, o preço, não está ruim, não. E foi justamente essa crise que fez com que eu tomasse a decisão de aumentar. Sem volume, a atividade não compensa”, diz.
O produtor Afrânio Bretas Leite, de Ponte Nova, na Zona da Mata mineira, também não se queixa da situação e não para de investir. O criador, que tem 1,6 mil matrizes e entrega 800 animais por semana para frigoríficos na região, começou a abater alguns animais e lançou uma marca própria no mercado, a Suinolider. “Foi para ganhar mais, agregar valor. Vendemos para restaurantes, açougues, pequenos mercados. São ideias que eu vou tendo e vou me envolvendo, não posso ficar parado”, afirma.
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