Segundo maior produtor de suínos do Brasil, com 713,6 mil toneladas em 2015, o Rio Grande Sul aposta cada vez mais na verticalização da produção para diminuir os custos e aumentar o volume de animais. Segundo o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Luis Folador, dos mais de 8 mil suinocultores do estado, pelo menos 6 mil trabalham com o chamado sistema vertical, em que os produtores são responsáveis por apenas uma ou duas etapas da criação: maternidade, creche, recria e terminação. Segundo Folador, atualmente, 90% dos produtores gaúchos são integrados ou cooperados.
Diferentemente do ciclo completo, aquele em que todas as etapas de criação são feitas dentro do mesmo espaço, a verticalização permite que os produtores menores, que não teriam dinheiro suficiente para manter uma estrutura muito grande, possam estar envolvidos com a atividade. O sistema também reduz o gasto com ração e diminui os riscos sanitários. “O futuro da suinocultura será a verticalização. As integradoras hoje trabalham quase que 100% desta maneira. As cooperativas também estão indo pelo mesmo caminho”, afirma Folador.
Roteiro
No Rio Grande do Sul, a equipe de técnicos e jornalistas da Expedição Suinocultura visitou granjas, indústrias e cooperativas em diferentes regiões do estado. Foram mais de 2,2 mil quilômetros percorridos. Na próxima semana, o projeto segue para Minas Gerais, quarto maior produtor e exportador de suínos do Brasil.
Alguns independentes, inclusive, trabalham de maneira semelhante. De acordo com dados da Acsurs, a maioria dos produtores independentes do Rio Grande Sul trabalha como um ‘mini-integrador’, em que além da produção própria, comercializa a produção de parceiros para frigoríficos específicos. “A única diferença é que eles negociam o preço do quilo semana por semana, mas funcionam como integradoras”, explica o presidente da Acsurs.
Um exemplo é a Granja Gobbi, localizada em Rondinha, uma pequena cidade no Noroeste do estado. Tocada pelos irmãos Mauro, Alexandre e Rogério Gobbi, a empresa comercializa 6 mil animais por semana, 2,5 mil de produção própria e o restante de granjas parceiras. “O nosso sistema de parceria garante preços melhores tanto na hora de comprar insumos, como ração e remédios, como na hora de vender os produtos”, diz Rogério Gobbi. A empresa tem 13 Unidades Produtoras de Leitões (UPLs), onde os animais são gerados. De lá, eles são distribuídos para produtores parceiros.
Para Valdecir Folador, o setor terá cada vez menos suinocultores, mas os índices de produtividade serão muito maiores. “O futuro da atividade está se desenhando aos poucos. O mercado produtor será cada vez mais concentrado. Aos poucos, os pequenos estão desaparecendo. Mas isso não significa menos produtividade, as escalas estão aumentando, mesmo com menos produtores. Os ganhos estão mais apertados, mas o volume aumentou”, acredita.
Para Acsurs, novo status sanitário ‘não é prioridade’
Maior produtor de suínos do país, Santa Catarina é o único estado brasileiro com certificação de área livre de febre aftosa sem vacinação. O status sanitário foi conquistado em 2007.
Assim como o Paraná e outros 22 estados brasileiros, o Rio Grande do Sul é considerado uma área livre da febre aftosa com vacinação. Segundo o presidente da Acsurs, Valdecir Folador, o título não é uma prioridade. “Nós vemos como algo positivo, mas não prioritário. Santa Catarina tem o certificado e exporta basicamente para os mesmos países que nós exportamos. São apenas dois ou três países a mais”, afirma.
Na visão do presidente, o status tem quer ser uma consequência e não ser forçado. “É importante almejar isso, mas o Estado tem que dar todas as garantias de que vai cumprir com a parte dele. Por isso pregamos cautela neste assunto. Hoje é melhor garantir os mercados que já temos com a vacinação do que correr o risco de perdê-los com alguma ocorrência. Se fosse pela indústria, que não quer perder mercados, nós já teríamos. Mas os produtores preferem esperar”.
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