Torresmo, linguiça, costelinha, bisteca. A carne suína tem lugar de destaque na tradicional culinária mineira. Não por acaso, Minas Gerais lidera o ranking nacional de consumo com 21 quilos per capita por habitante/ano, seis a mais do que a média brasileira. Todo esse apetite garante um mercado aquecido e a maior cotação do país: R$ 4,30 no quilo do suíno vivo. Em Santa Catarina, estado que lidera o ranking de produção, o mesmo volume custa R$ 3,50.
O modelo mineiro é diferente de outros estados, principalmente da região Sul, onde cooperativas e integradoras aplicam a verticalização na produção, em que cada suinocultor é responsável por uma fase da criação do animal. Em Minas Gerais, 80% das 1.350 granjas estão nas mãos de produtores independentes, que adotam o ciclo completo, onde todas as fases da criação são feitas dentro da mesma propriedade.
Essa característica obrigou os produtores a adotarem soluções ao longo dos anos para manterem a atividade viva e lucrativa. Uma delas foi a bolsa de suínos. Criada há 36 anos pela Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), o instrumento determina o preço do quilo do suíno vivo. As reuniões são realizadas todas as segundas-feiras, na sede da entidade, em Belo Horizonte. O preço semanal do quilo é determinado numa negociação entre representantes dos produtores e frigoríficos.
Há um mês, um grupo de produtores criou a Bolsa de Suínos do Interior de Minas (BSim). Encabeçada pela Associação dos Suinocultores do Vale do Piranga (Assuvap), em Ponte Nova, na Zona da Mata, a nova bolsa pretende formar os preços levando em consideração das características da região. “Não foi um rompimento com Belo Horizonte. Mas o mercado no interior sempre funcionou de maneira um pouco diferente. Na capital, os frigoríficos têm muita força. Aqui nós temos não apenas os frigoríficos, mas o mercado de porta também. São particularidades nossas”, explica a gestora executiva da Assuvap, Paula Gomides.
Segundo Paula, na BSim, que já teve quatros reuniões, realizadas às quintas-feiras, os frigoríficos não participam. “Se a coleta de dados e informações é bem feita, não há necessidade das empresas participarem. Quando o preço é bem formado, não há dificuldade para executar”, afirma.
Alvimar Jalles, profissional responsável pelo desenvolvimento do projeto, diz que o mercado independente de Minas Gerais ainda tem muita força e a BSim é uma ferramenta criada para aproveitá-la. “Isso tinha que nascer enquanto somos fortes. Caso contrário, os frigoríficos passam a ditar o preço”. Apesar das reuniões serem em Ponta Nova, conta Jalles, há produtores do Sul e do Centro-Oeste de Minas Gerais participando. “Queremos ser uma referência para o interior”.
O presidente da Assuvap, Fernando da Silva Araújo, diz que a proposta é um desafio. “É uma proposta nova ainda, recém-nascida. Vamos ver com o tempo. Mas é gratificante ter os preços discutidos praticados desde a primeira reunião”.
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