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Expedição Suinocultura

Suinocultores do Sul encontram ‘terra prometida’ no cerrado

Itamar Canossa começou com 200 matrizes (leitoas reprodutoras) e hoje conta com duas propriedades de mil matrizes cada, o que gera 4,3 mil leitões por mês. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Itamar Canossa começou com 200 matrizes (leitoas reprodutoras) e hoje conta com duas propriedades de mil matrizes cada, o que gera 4,3 mil leitões por mês. (Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

Nos séculos 19 e 20, milhares de europeus chegaram ao Sul do Brasil, com a promessa de terra e prosperidade. Agora, no início do século 21, seus descendentes decidiram seguir viagem ao Mato Grosso, com a mesma promessa, mas com um ingrediente a mais para a prosperidade: a suinocultura.

“Sou a terceira geração de suinocultores da minha família. Meu pai e avô começaram em Seara (SC), mas foi no Mato Grosso, em 2001, que encontrei as melhores condições: aqui tem mais matéria prima, melhor relevo e água muito acessível”, revela Itamar Antônio Canossa, suinocultor de Sorriso (MT) e presidente regional da Associação dos Criadores de Suínos do estado – Acrismat.

Em pleno Cerrado mato-grossense, Sorriso conta com aproximadamente 15 produtores em escala industrial, segundo Canossa. A origem de todos eles é o Sul do Brasil. “A maioria de Santa Catarina”, completa. Ele admite que a região tem uma única desvantagem: a logística distante dos principais polos do país. Em compensação, o estado é autossuficiente no principal produto para a ração animal: o milho, que em Santa Catarina precisa, em sua maioria, ser importado.

Itamar Canossa começou com 200 matrizes (leitoas reprodutoras) e hoje conta com duas propriedades de mil matrizes cada, o que gera 4,3 mil leitões por mês. Uma parte é vendida para um parceiro na cidade vizinha de Tapurah, para engorda antes do abate. Outra parcela vai ao Grupo Lucion, dono do maior frigorífico da região: o Nutribras. E adivinha de onde veio a família que deu origem ao grupo? Santa Catarina, mais precisamente da cidade de Abelardo Luz.

Prosperidade

A família era integrada de um frigorífico catarinense, o que significa que tinham a obrigação de vender sua produção de suínos para uma empresa específica. Mas chegou um momento que o senhor Paulo Lucion enxergou no Mato Grosso melhores oportunidades, nos anos 90. A produção de suínos foi crescendo, até chegar hoje a um plantel de 17 mil matrizes e um frigorífico com capacidade de abate de até 3 mil suínos por dia. “Aqui criamos um modelo autossustentável de ciclo completo, o primeiro do Brasil”, afirma o diretor técnico da empresa, Jonas Stefanello, também de Santa Catarina.

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Esse ciclo inclui, além da produção e engorda de leitões, o uso de dejetos para produzir energia elétrica por biogás e biofertilizantes para a agricultura de soja e milho destinada à ração dos leitões, acompanhado políticas internacionais de bem-estar animal. “Temos 80% de produção própria de leitões e a compra de uma pequena parcela de produtores independentes”, comenta Stefanello.

Essa ampla produção faz do frigorífico o segundo maior empregador de Sorriso, perdendo apenas para a prefeitura, e também o segundo maior arrecadador de impostos para o município, segundo o diretor.

O resultado dessa estrutura ampla é a exportação de carne para oito países. Apesar disso, o foco é o mercado nacional, principalmente o Sudeste, sendo que o frigorífico fornece tanto produtos com a sua marca (Nutribras) como para outros grupos parceiros colocarem seu selo para venda em supermercados, como o Carrefour.

Mato Grosso no retrovisor

Se hoje o Mato Grosso tem menos de 10% da produção nacional de suínos, no que depender das famílias ‘imigrantes’ em poucos anos o estado pode ocupar a liderança, atualmente ocupada pelos três estados do Sul do Brasil. “Vejo esse potencial para poucos anos, o Mato Grosso tem todas as condições e uma produção ampla”, afirma o diretor técnico do Frigorífico Nutribras, Jonas Stefanello.

O produtor independente Itamar Canossa tem a mesma visão: “Com tanto milho disponível, podemos dizer que a suincultura é um efeito colateral. É só uma questão de tempo para o Mato Grosso expandir o mercado e ser um dos maiores”, afirma.

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