Em meados da década de 1930, quando Sananduva, cidadezinha ao Norte do Rio Grande do Sul, ainda era um distrito de Lagoa Vermelha, a produção de banha era o principal – para não dizer único – produto da suinocultura na época. Hoje, 83 anos depois, a carne suína é a base para mais de 100 produtos no portfólio da Cooperativa Regional Sananduva de Carne e Derivados, mais conhecida por sua marca comercial: Majestade.
O frigorífico, que é mais antigo do que o próprio município de Sananduva, viu a cidade crescer ao seu redor. E os produtos embutidos, símbolo da tradição e cultura dos imigrantes italianos, se transformou na força motriz que impulsiona a economia da região. A diversificação e ampliação da linha de produção, além da modernização da gestão, são as apostas da Majestade para se tornar mais conhecida no país e no exterior.
Atualmente, o carro-chefe da cooperativa é o salame tipo italiano, mas a empresa também produz copa, salaminho, defumados, linguiça, codeguim (espécie de salame cozido) e carne in natura, incluindo cortes especiais como o lombo e a picanha suína.
Em 2017, a cooperativa produziu 18,8 mil toneladas de carne suína, atendendo mercados como Rio Grande do Sul (54%), São Paulo (24%) e Rio de Janeiro (20%). “No Paraná, estamos entrando só agora”, diz Egídio Loregian, presidente da cooperativa, que processa 800 suínos/dia. A carne vem de 160 propriedades cooperadas, divididas entre as etapas de produção de leitões, creche e terminação.
Loregian conta que em 1992, por exemplo, o número de cooperados era de 900. A redução, segundo ele, foi por causa de uma tendência natural de mercado. “A suinocultura evoluiu bastante nesse período. Muitos produtores migraram para a agricultura e outros saíram do campo. Por outro lado, a produção cresceu”, explica.
Os suínos são produzidos em 16 municípios da região, que fornecem 80% da carne. Os outros 20% são comprados de produtores não cooperados. Do total da produção, 40% é de carnes in natura e os outros 60% são produtos processados.
Eficiência
Para continuar crescendo em meio à crise, a Majestade aposta na melhoria da sua eficiência e na busca de novos mercados para seus produtos. A empresa considera 2019 como um ano estrategicamente importante para os seus planos, com um olho no comercio exterior e outro em novos consumidores dentro do país, especialmente Paraná e Santa Catarina.
Para isso, a cooperativa está passando por mudanças de gestão, reduzindo custos e enxugando a estrutura. Além disso, está lançando uma nova logomarca e aumentando a produção de processados de valor agregado, além dos cortes nobres. Os planos de expansão também incluem aumentar o número de abates próprios e/ou fazer o processamento de carne para outras empresas, já que a planta frigorífica da cooperativa opera hoje com capacidade ociosa.
De acordo com Loregian, o setor de suinocultura do país enfrenta dois principais problemas: um é a queda da renda das famílias e, consequentemente, do consumo de carne. O outro é o aumento no custo de produção, principalmente por causa do alto preço do milho e da soja. “E você não pode repassar o preço para o consumidor, senão as vendas caem mais ainda. Por isso, o produtor e a indústria estão sentindo os efeitos”, diz.
O “efeito Rússia”, que suspendeu unilateralmente a importação de carne suína brasileira, também tem prejudicado o setor, apesar de a Majestade ainda não trabalhar com comércio exterior. Com menos empresas exportando, a competição no mercado interno ficou bem mais acirrada.
Explosões em Brasília tem força jurídica para enterrar o PL da Anistia?
Decisão do STF que flexibiliza estabilidade de servidores adianta reforma administrativa
Lula enfrenta impasses na cúpula do G20 ao tentar restaurar sua imagem externa
Xingamento de Janja rouba holofotes da “agenda positiva” de Lula; ouça o podcast