Os países sul-americanos deixam de aproveitar o agronegócio como fonte de apoio para superação de crises econômicas por falta de habilidade na esfera comercial, mostraram as conferências que encerraram o Fórum de Agricultura da América do Sul – evento do Agronegócio Gazeta do Povo que reuniu 400 participantes nos últimos dois dias em Curitiba. O Chile foi apontado como exemplo de posicionamento para Argentina e Brasil, principais economias da região.
“Uma série de acordos vem sendo feitos e o Brasil ficou de fora do principal deles, o Transpacífico [TPP, que envolve Estados Unidos, Chile, Japão e outros nove países]”, apontou o conferencista Fábio Carneiro Cunha, especialista em comércio internacional da Legex.
O interesse dos Estados Unidos no Trans-Pacific Partnership aumentou com a adesão do Japão, relatou Leslie Glick, da Porter Wright Morris & Arthur. Os 12 membros representam 40% da economia e 25% do comércio global. Apesar de estarem voltados para o Atlântico, Brasil e Argentina não estão impedidos de integrar o grupo, disse o especialista norte-americano. Em sua avaliação, é pouco provável que a China – principal importador de produtos do agronegócio da América do Sul – vá entrar no TPP, por ter decidido acelerar iniciativas de acordos na Ásia.
Exemplo
O Chile – que exporta 94% de seus produtos com facilidades abertas por 24 acordos comerciais – considera o TPP um marco histórico por configurar uma ampla instância de articulação. apontou Maria José Campos Herrera, adida agrícola chilena no Brasil. A associação envolve, além de mercadorias como carnes e leite, o comércio de serviços e regulamentos de propriedade intelectual e origem de produtos. Devem ser eliminados 18 mil impostos na zona de livre comércio.
O envolvimento da sociedade urbana em ações que possam melhorar a competitividade dos produtos do agronegócio foi justamente o tema central do Fórum de Agricultura da América do Sul. Além de novos acordos comerciais, é possível reduzir custos com estímulo ao aproveitamento de fontes de energia, mostrou Maurício Pellegrini, da EnergiCiti. A energia elétrica mais cara passou a representar 21% do custo da avicultura, citou, apontando como alternativa a instalação de painéis solares no telhado dos aviários e o uso de dejetos de suínos para produção de biogás e eletricidade.
Para que o agronegócio exerça seu poder de impulsionar a economia, suas conexões com a sociedade urbana precisam ser melhor compreendidas e consideradas por agentes públicos e privados, defendeu o coordenador do Fórum, Giovani Ferreira. “Nesse processo, está implícito o desenvolvimento do próprio agronegócio. Dos dez produtos mais exportados pelo Brasil, oito são do setor.”
A tendência de crescimento da população mundial prevalece e vai exigir aumento de 60% na produção de alimentos, o que oferece amplas oportunidades para a América do Sul, destacou Maria Alejandra Sarquis, secretária técnica do Conselho Agropecuário do Sul (CAS), que participou da conferência final do evento. A próxima edição do fórum está marcada para os dias 25 e 26 de agosto de 2016 .
Ponto a ponto
Leia sobre os debates do Fórum de Agricultura da América do Sul na edição de terça-feira do caderno Agronegócio e no site www.agrogp.com.br.
Defesa de Bolsonaro pede anulação da delação de Mauro Cid e julgamento no plenário
Mauro Cid reforça que não foi coagido em delação e pede absolvição ao STF
Em busca da popularidade perdida, governo anuncia alíquota zero de importação para baratear alimentos
Resultado da Petrobras justifica preocupação
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast