Uma estiagem intensa no segundo trimestre do ano, aliado ao período de entressafra no campo e a greve dos caminhoneiros, elevou a cotação do leite no campo e, consequentemente, nas prateleiras dos supermercados. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), que monitora a cotação nos principais estados produtores do país, o preço pago ao produtor de leite subiu 28% no primeiro semestre deste ano, chegando a R$ 1,30, de média nacional, em junho.
A alta também foi sentida pelo consumidor. Segundo levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral), entre janeiro e junho deste ano, o leite e derivados subiram no mercado varejista. O destaque é o litro do leite longa vida que aumentou 60% no primeiro semestre. Em janeiro, uma unidade era vendida, em média, por R$ 2,08; bem abaixo dos R$ 3,49 registrados em junho. No caso dos derivados, os queijos subiram, em média, 10% no mesmo período.
Diferentes fatores explicam esses aumentos. De acordo com o médico veterinário Fábio Mezzadri, que trabalha no Deral, o avanço no preço dos lácteos é comum nesta época do ano. “Entre os meses de maio e setembro, na chamada entressafra, o volume de oferta de pastagem é menor. É um ciclo comum”, diz. No entanto, Mezzadri, cita algumas particularidades de 2018. “Nós tivemos a greve dos caminhoneiros e uma estiagem de 60 dias entre março e abril, que atrasou o crescimento das pastagens de inverno. E isso influencia nas cotações”, conta.
Produtor e presidente da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite da Federação de Agricultura do Paraná (FAEP), o médico veterinário Ronei Volpi, também pontua a normalidade da curva de preço nesta época do ano. “O consumo aumenta e a produção diminui. Esses aumentos de 15%, 20% são normais”, explica. Mas ele também cita a greve dos caminhoneiros, entre os dias 21 e 31 de maio deste ano. “Toda a cadeia produtiva ficou desequilibrada. O leite foi jogado fora, muito produtor deixou de receber grãos, tivemos prejuízos no setor de embalagens, no de logística, em todo o setor”.
Segundo Volpi, os preços, normalmente, voltam a cair entre agosto e setembro. “Os preços estão bons, mas as margens estão muito apertadas. O custo de produção aumentou bastante no campo, principalmente com insumos. E não dá para repassar tudo. Nos últimos anos nós tivemos uma lenta retomada no consumo de lácteos nos últimos anos. Precisamos concentrar esforços no mercado internacional, que é altamente competitivo”, diz.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast
Deixe sua opinião