Oito entidades do agronegócio se posicionaram nesta segunda-feira (28) contra a tabela de preço mínimo para o frete rodoviário, estabelecida pelo governo Temer em medida provisória para tentar acabar com a greve dos caminhoneiros.
A avaliação é que o tabelamento do frete pode acabar deixando a conta da paralisação dos caminhoneiros para as indústrias ligadas ao setor agrícola, que utilizam intensamente o transporte rodoviário. Estavam presentes representantes dos esmagadores de soja, da indústria de suco de laranja e dos fabricantes de ração.
“Temos que ter liberdade na negociação do preço do frete. São dezenas e dezenas de tipos diferente de carga. Implementar esse preço mínimo é impossível”, diz Roberto Betancourt, diretor-executivo do Sindirações.
Para André Nassar, diretor-executivo da Abiove, que reúne as esmagadoras de soja, os preços do frete já subiram 15% este ano e vinham se ajustando ao aumento no valor do diesel, mas o problema foi provocado por um aumento excessivo na carga tributária do combustível pelo governo.
“Por conta disso, o mercado não reagiu perfeitamente. Não podemos pagar a conta desse ajuste”, disse Nassar em coletiva de imprensa. Segundo o executivo, se o preço mínimo do frete for realmente inevitável, o setor agrícola quer pelo menos participar da discussão da tabela.
Pela medida provisória, os preços mínimos do frete, que devem ser divulgados em cinco dias e vigorar por um semestre, serão definidos pela ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre), após consulta aos caminhoneiros autônomos, cooperativas e transportadoras. A MP não inclui os tomadores de frete na discussão.
O setor agrícola é um dos mais afetados pela greve. As indústrias de farelo de soja e biodiesel estão todas paradas porque não conseguem escoar a produção e não tem mais lugar para armazenar produto.
Sem receber o farelo de soja e outros insumos, as fábricas de ração também pararam e não conseguem enviar produto para as granjas, o que já provoca mortes de animais.
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