Aumentou para 39 o número de navios que aguardam na baía de Paranaguá para descarregar ou carregar mercadorias no porto paranaense. Até esta segunda-feira (28), eram 36 embarcações.
Outros 12 navios estão atracados, cinco deles operando normalmente com granéis líquidos, açúcar e cargas gerais. No período de greve, segundo a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), deixaram de ser movimentadas em Paranaguá 522 mil toneladas de produtos (70 mil toneladas a mais que ontem).
O abastecimento do porto por ferrovias não sofreu alterações. Ao todo, 30% dos produtos chegam pela linha férrea, tendo sido desembarcadas 210 mil toneladas desde o dia 21 de maio. São em média 500 vagões por dia. Com relação aos caminhões, já são 16.400 que deixaram de descarregar no Porto de Paranaguá (uma média diária de 2 mil veículos).
Exportações
Com relação às exportações de soja e farelo, o número que deixou de ser embarcado continua o mesmo desta segunda-feira: 200 mil toneladas, assim como a movimentação no Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), que sofreu redução de 17,3%. No segmento de carga geral (açúcar ensacado, celulose e cargas rodantes, por exemplo), três navios tiveram impactos nos seus embarques, totalizando 57 mil toneladas de mercadorias, aproximadamente.
Importações
Sobre a movimentação de fertilizantes e cereais, deixaram de ser descarregadas 160 mil toneladas até o momento (20 mil a menos por dia). No segmento de granéis líquidos, são cerca de 280 mil toneladas de líquidos que não foram operadas pelos navios. Os rebocadores tiveram uma redução de 40% em suas manobras com navios, considerando suas médias.
Santos
No maior porto do país, em Santos, a gigante chinesa de alimentação, Cofco International, suspendeu temporariamente os embarques de soja a partir do terminal no litoral paulista por causa da escassez de cargas. A companhia não tem grãos suficientes para carregar um navio esperado para atracar esta semana, segundo fontes extraoficiais. O porta-voz da empresa não se pronunciou a respeito.
O Brasil é o maior exportador de soja no planeta e a sua produção assumiu um lugar de ainda mais destaque nas últimas semanas, depois que a China ameaçou taxar a oleaginosa dos Estados Unidos, vice-líderes mundiais, na esteira das disputas comerciais entre os dois países. Os atrasos no Brasil podem encorajar importadores chineses a comprar mais soja norte-americana.
Outros exportadores utilizaram mercadorias armazenadas ao longo dos últimos dias para evitar uma paralisação total, mas os estoques já são muito baixos em Santos. A Archer-Daniels-Midland (ADM), uma das gigantes do setor, disse ter segurado ou reduzido o ritmo de algumas operações após liquidar os armazéns.
Em quatro dias, desde o início da greve em 21 de maio, o número de embarcações esperando para atracar em Santos havia passado de dez a 18, conforme informações da agência Williams. O fluxo de caminhões e entrega de mercadorias havia caído significativamente.
Enquanto isso, as exportações de café estão majoritariamente paradas, assim como as indústrias processadoras de grãos e de suco de laranja. As usinas de cana-de-açúcar também sofrem com a falta de combustível. Em São Paulo, maior produtor nacional, elas pararam totalmente. De acordo com a consultoria FC Stone, o processamento de cana no Centro-Sul do país pode ser cortado em 10,9 milhões de toneladas na segunda metade de maio.
A JBS, maior indústria de proteína animal do planeta, suspendeu totalmente suas operações domésticas com carne bovina, suína e de frango, pois não é possível entregar o produto ou receber carregamentos de ração. “A produção de carne bovina no Brasil está próxima a zero”, afirma Hyberville Neto, da Scot Consultoria. “O mercado de gado está completamente congelado desde quinta-feira.”