O aplicativo de celular Cargox, conhecido popularmente como “Uber” dos caminhões, promete mudar o mercado de fretes do país. A ferramenta faz pelo smartphone a intermediação entre empresas de frete e caminhoneiros autônomos, em um sistema que lembra o adotado pelo Uber no transporte urbano de pessoas. Em cerca de 10 meses de funcionamento no Brasil, a Cargox já alcançou uma “frota” de 100 mil veículos, com no máximo 10 anos de uso e motoristas treinados pela empresa.
Frota brasileira de veículos de carga
Atualmente, de acordo com a Confederação Nacional dos Transporte (CNT)s, o país possui em sua frota 2,6 milhões de caminhões, 593 mil caminhões-trator, 6,5 milhões de caminhonetes e 2,9 milhões de caminhonetas. O número leva em conta veículos de todas as idades e foi divulgado no último anuário da CNT, de 2015. A malha viária do Brasil é de cerca de 1,7 milhões de quilômetros.
O crescimento médio mensal da companhia, presente em todos os estados do país, é de 60% ao mês. Até o fim de 2016, a empresa espera faturar quase R$ 50 milhões. O investimento previsto até o final deste ano passa dos R$ 100 milhões. Para os próximos meses, os planos da empresa incluem a contratação de mais 120 funcionários para ampliar a sede em São Paulo. Atualmente, 40 pessoas fazem o Cargox funcionar. Um dado curioso é que um dos investidores diretos e presidente do conselho da Cargox é também sócio do Uber original.
De acordo com informações do setor de marketing da Cargox, a empresa funciona como uma “transportadora escalável” sem ativos. Isso quer dizer que no papel a companhia tem as autorizações para funcionar como uma transportadora, com a diferença de que o serviço prestado utiliza a tecnologia para “encurtar” e simplificar a distância entre quem quer contratar o frete e quem quer de fato realizar o transporte (caminhoneiro autônomo). Há desde vans até carretas dentro da lista de veículos disponíveis.
Ao receber um pedido de frete, a Cargox aciona o motorista com o veículo adequado mais próximo do local de recolhimento da carga. Imediatamente, a melhor rota e o prazo de entrega são indicados ao motorista que aceitou o serviço. Todos os envolvidos no serviço do frete têm a possibilidade de avaliar as etapas do processo. Assim, todos os elos da cadeia são submetidos a constantes análises e qualquer problema relatado pode ser facilmente mapeado, segundo a empresa.
Sobre valores, os valores pagos aos caminhoneiros, segundo a Cargox, costumam ser 5% maiores do que os praticados atualmente no mercado. A companhia não revela qual é a porcentagem cobrada dos motoristas, diz apenas que se trata de um preço justo. A empresa também cita que na maioria dos casos os caminhoneiros consegue fretes na ida e na volta. Com a diminuição de caminhões vazios nas estradas, o rendimento dos motoristas melhora, ainda conforme a Cargox.
Federação vê problemas na iniciativa
Presidente da Federação Nacional das Associações de Caminhoneiros e Transportadores, Luiz Carlos Neves vê em iniciativas como essa mais um motivo para aumentar o custo aos caminhoneiros autônomos. “Os sindicatos que brigam tanto entre si e dizem que lutam pelos autônomos não acordaram até agora para realmente buscar alternativa de organizar os fretes para melhorar a vida do caminhoneiro”, critica.
Neves diz não conhecer os detalhes dos aplicativos conhecidos como “Uber dos caminhões”, mas ele vê uma possibilidade de a plataforma ajudar os autônomos caso o aplicativo faça a ponte direta entre caminhoneiro e grandes empresas. Segundo ele, hoje há muitos atravessadores no frete e há muita gente que ganha em cima dos fretes. “Se não for direto com as empresas que de fato precisam do frete, é mais uma maneira de o caminhoneiro sair perdendo”, diz.
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