| Foto: Divulgação/Agrishow

Pela primeira vez em meio século, a Massey Ferguson não foi a marca que mais produziu tratores no Brasil. A também norte-americana John Deere assumiu o top do ranking ao fazer sair da linha de produção em Montenegro, no Rio Grande do Sul, 10.945 tratores. De quebra, a New Holland também ultrapassou a Massey, fechando o ano com 9.706 unidades, contra 9.628 da concorrente.

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A troca de posições no ranking da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) ocorreu discretamente, mas de forma previsível, devido à curva descendente da Massey Ferguson, que chegou a produzir 23.577 tratores no país em 2010, mas fechou 2017 com menos de metade disso. A John Deere atua no Brasil com marca própria há pouco mais de 20 anos, desde quando comprou a SLC, em 1996.

Coincidência ou não, no início de 2018, justamente após perder a liderança do mercado no Brasil, a AGCO – que reúne as marcas Massey Ferguson, Valtra, Challenger, Fendt e GSI – anunciou um novo presidente para a América Latina. Além de ser executivo com experiência na Braskem, Eldorado Celulose e Unipar, Luís Fernando Felli é produtor rural no Maranhão e conhece bem a realidade do dia a dia no campo.

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Durante a Agrishow, em Ribeirão Preto, Felli minimizou a perda da ‘pole position’: “Nós, como Agco, somando os tratores da Massey Ferguson e da Valtra, somos líderes de mercado (41%). Se for analisar as marcas separadamente, é difícil fazer uma comparação justa, porque posso ter crescimentos distintos, se tenho uma terceira ou quarta marca”.

Felli reconheceu, no entanto, que a Massey Ferguson se acomodou ao longo dos anos. “Passamos um período em que faltou um pouco de inovação, e a concorrência, de certa forma, trouxe muita inovação. Por isso decidimos remodelar toda a nossa linha de produtos. Uma mudança importante é que estamos trazendo para o Brasil tratores de alta cavalagem. Isso traz um crescimento não só do share, mas do money-share. Afinal, o valor de um trator de 250cv é uma coisa e o de 55cv é outra coisa”, argumenta.

Pelo lado da John Deere, a explicação para a troca de posições no ranking está no aumento da rede de concessionárias (hoje são 270), investimento em fábricas e tropicalização dos avanços tecnológicos. “Hoje investimos globalmente, por dia, mais de 4 milhões de dólares em tecnologia”, diz Eduardo Martini, gerente divisional de vendas da empresa.

John Deere estreou com marca própria no Brasil em 1996, após comprar a SLC 

Um exemplo deste diferencial tecnológico, segundo Martini, está na conexão da máquina com a fazenda, do operador do trator com o gestor da propriedade. “A John Deere oferece uma conexão em tempo real, e não usamos apenas um chip de telefone. Afinal, a dificuldade no Brasil é a cobertura da telefonia móvel. Então usamos o sistema wi-fi, em que é possível mandar todos os dados do planejamento do trabalho para a máquina. E depois recebemos de volta como isso foi feito, incluindo o consumo de combustível e outros dados de performance”.

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Outro importante fabricante de tratores no Brasil, a CNH Industrial – donas das marcas Case e New Holland – aposta que o que impactará o mercado de tratores, em poucos anos, será o uso de combustíveis alternativos e mais baratos, a chamada “clean energy”. “Nosso trator movido a biometano é o camisa 10, é o craque da Agrishow”, afirmou o presidente global da New Holland, Carlo Lambro. O trator conceito deve chegar ao mercado, em escala comercial, num prazo de três anos.

A New Holland estima que o potencial de produção de biometano no Brasil, apenas com resíduos do setor canavieiro, é de 56 milhões de m3 por dia – o que daria para suprir 50% da demanda de diesel de toda as operações realizadas para dentro da porteira das propriedades rurais.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

Decolagem

Na avaliação dos fabricantes de trator instalados no Brasil, o segundo semestre promete acelerar o ritmo dos negócios. Apontam nessa direção uma provável diminuição dos juros no Plano Safra, a valorização do dólar, o prêmio pela soja brasileira por causa dos atritos entre EUA e China, e a quebra da safra da Argentina. “Os indicadores são muito bons. Quase 45% das exportações mundiais de soja são do Brasil. Isso, associado ao preço do grão e à condição do dólar, indica que a renda do produtor irá aumentar bastante”, pondera Werner Santos, vice-presidente de Vendas e Marketing da Agco. Eduardo Martini, da John Deer, acredita que as vendas devem crescer entre 5% e 10% em relação ao ano passado.

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