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Fusão entre  Bayer e Monsanto: autoridades da União Europeia podem embargar negócio de US$ 66 bilhões | Divulgação/Bayer
Fusão entre Bayer e Monsanto: autoridades da União Europeia podem embargar negócio de US$ 66 bilhões| Foto: Divulgação/Bayer

Uma das maiores produtoras de defensivos agrícolas do mundo, a Bayer vai ter de enfrentar os órgãos reguladores da União Europeia, que abriram uma investigação sobre a compra da Monsanto em um negócio de US$ 66 bilhões. A preocupação das autoridades é de que a aquisição possa reduzir a competição e criar um monopólio de mercado sobre a venda de pesticidas e sementes.

A Comissão Europeia alerta que o negócio, que irá criar a maior companhia do gênero do planeta, é um risco para os produtores rurais, uma vez que pode levar ao aumento de preços, menor qualidade, diminuição da inovação e das opções de escolha. O prazo para a conclusão da investigação é 8 de janeiro.

“Sementes e pesticidas são produtos essenciais para agricultores e consumidores”, afirmou Margrethe Vestager, representante da Comissão Europeia, em nota enviada nesta terça-feira (22). “Precisamos garantir a concorrência para que os produtores possam ter acesso a produtos inovadores e de melhor qualidade, a preços competitivos”, completou.

O embate que envolve a Monsanto é o mais recente meganegócio envolvendo a indústria de agroquímicos. Outras polêmicas recentes também fizeram com que os reguladores exigissem garantias para que a redução de fornecedores de defensivos agrícolas não resultasse em preços elevados.

Por sua vez, a Bayer anunciou que espera um extenso debate “devido ao tamanho da transação”. A companhia informou que atuará de forma construtiva junto à União Europeia e que o negócio “beneficiará fortemente agricultores e consumidores”.

Já a Monsanto destaca que está globalmente comprometida a trabalhar com os órgãos reguladores, “com o objetivo de receber a aprovação da transação até o final de 2017”. A empresa reafirmou o compromisso de apoiar os produtores rurais a desenvolver um negócio cada vez mais produtivo, lucrativo e sustentável.

Fusão aumenta risco de pragas, diz UE

A Monsanto e a Bayer integram um limitado número de fornecedores de pesticidas com capacidade de investimento em pesquisas de novos ingredientes e fórmulas para enfrentar questões como a resistência de ervas daninhas a produtos conhecidos, segundo a União Europeia. Neste sentido, os órgãos reguladores também alertam para possíveis problemas devido à concentração de mercado no fornecimento de sementes. A Bayer é um concorrente direto da Monsanto em produtos como herbicidas, apontam as autoridades.

A fusão levará à formação de uma empresa com o maior portfólio de pesticidas e melhor posição global no mercado sementes e defensivos. A Comissão Europeia disse que verificará se o acesso a produtos da concorrência não será prejudicado, caso a nova companhia associe a venda de pesticidas e sementes ao provimento de serviços digitais ou de informação.

Entrada do edifício da Monsanto no Missouri (Estados Unidos)JULIETTE MICHEL/AFP

A preocupação dos reguladores quanto à inovação no setor de agroquímicos levou a DuPont a vender parte de seu negócio com pesticidas e pesquisas relacionadas, antes de obter aprovação da União Europeia para a fusão com a Dow Chemical Co, no início deste ano. Em outro exemplo, a China National Chemical Corp também foi obrigada a fazer concessões antes que a Comissão Europeia aprovasse a aquisição da divisão de pesticidas da Syngenta, que tem sede na Suíça.

Margrethe Vestager vem sofrendo pressão de ambientalistas, com centenas de mensagens via Twitter nas últimas semanas, pedindo para bloquear o acordo. A União Europeia também recebeu mais de 50 mil emails e 5 mil cartas com a solicitação. Uma campanha online no site Avaaz, que coleta assinaturas para abaixo-assinado, endereçada à Vestager, afirma que “ela tem a coragem de escolher o interesse público em detrimento da ganância corporativa”.

Por sua vez, Vestager respondeu à petição no site da União Europeia. Ela diz que está “avaliando cuidadosamente a fusão” e que sua consultoria está limitada a questões sobre concorrência. Outras questões levantadas pelo público recaem sobre regras da União Europeia e dos estados nacionais relativas à segurança alimentar, aos consumidores, ao meio ambiente e ao clima.

Em julho, o órgão regulador da União Europeia considerou que a carta de intenções da Bayer e da Monsanto é insuficiente para obter feedback dos concorrentes no mercado. O órgão europeu também afirma que está trabalhando em conjunto com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos e com as autoridades de proteção ao consumidor de países como Brasil, África do Sul, Austrália e Canadá.

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