Terminou sem consenso a reunião de ministros para discutir o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia nessa quarta-feira, 18, em Bruxelas, na Bélgica. Um novo encontro, que não estava previsto na agenda inicialmente, foi marcado para hoje, mas a avaliação de representantes do governo brasileiro é que dificilmente um acordo será fechado desta vez.
Segundo fontes do governo brasileiro, os representantes europeus se mostraram irredutíveis em relação às exigências feitas para a área agrícola, como a determinação de cotas de importação de produtos como carne e etanol do Mercosul, o longo prazo de redução de tarifas e a cobrança de tarifas mesmo dentro das cotas.
A proposta defendida pela União Europeia é praticamente a mesma apresentada em janeiro deste ano e as autoridades que participaram da reunião não demonstraram intenção de ceder, o que inviabilizaria um consenso, na visão dos integrantes do Mercosul.
O governo brasileiro tinha esperanças de que ao menos um pré-acordo seria firmado neste encontro, com os principais pontos já fechados, faltando só o detalhamento técnico. Pode ter sido a última chance de bater o martelo no governo de Michel Temer. A preocupação é que, com o início da campanha eleitoral no Brasil, novas negociações não sejam possíveis e a conclusão do acordo fique para o próximo presidente.
Sete ministros dos países do Mercosul foram a Bruxelas com mandato para fechar um acordo “equilibrado”, o que, para o bloco, significaria uma redução das exigências feitas pelos europeus na parte agrícola.
Segundo o Estadão/Broadcast apurou, os ministros do bloco sul-americano sinalizaram que poderiam melhorar a proposta já apresentada para temas em que os europeus exigiam maiores vantagens, como reduzir o prazo para zerar tarifas na venda de veículos para o Mercosul.
Além disso, poderiam aceitar uma lista de produtos com denominação de origem. Com isso, produtos como queijo parmesão e conhaque só poderiam ser vendidos sob esses nomes se fossem feitos nas regiões europeias em que foram criados.
Os sul-americanos, no entanto, deixaram claro que qualquer movimentação nessas áreas estaria condicionada à melhora da proposta agrícola da comissão europeia. “Não encontramos a mesma disposição do lado europeu, o equilíbrio não existe. O cenário não é muito animador”, admitiu um dos participantes da reunião, sob condição de anonimato.