O Ministério da Agricultura usou uma unidade da Seara (JBS) na Lapa, cidade da Região Metropolitana de Curitiba, para tentar acalmar o mercado nacional e internacional sobre a qualidade da carne produzida pelo país. Nesta terça-feira (21), o ministro da agricultura, Blairo Maggi, visitou à planta, que foi alvo de busca e apreensão na Operação Carne Fraca, que apura o envolvimento de fiscais agropecuários em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos.
Acompanhado de jornalistas de diferentes veículos do Brasil e exterior, inclusive da China, Maggi conheceu partes da linha de produção da unidade, a única entre os 21 estabelecimentos citados que exporta frango para o gigante asiático. Só em 2016, 60 mil toneladas abasteceram o mercado chinês. Na Lapa, a JBS emprega 1,8 mil funcionários e abate 190 mil frangos por dia.
O ministro elogiou a infraestrutura, que tem 40 anos, e disse que a ‘inspeção’ foi uma oportunidade para que as pessoas pudessem atestar a excelência da carne nacional.
A Seara da Lapa não foi citada no relatório da Polícia Federal por problemas sanitários, mas por suspeita de corrupção por parte de um dos funcionários.
Diplomático, Maggi não entrou em confronto com a Polícia Federal. “Não vamos entrar em confronto com a Polícia. Ela é independente e está fazendo o trabalho dela. O que nós estranhamos foi o Ministério, com seus laboratórios de análise e especialistas, não ter sido procurado”. Sobre a qualidade, Maggi foi enfático. “Estamos no comando e no controle desta situação e não há risco nenhum para ninguém”.
Agilidade
A visita à unidade da JBS na Lapa foi a primeira de uma série de inspeções que serão aplicadas por técnicos do Ministério da Agricultura nas 21 empresas citadas na Carne Fraca. Segundo o órgão, a prioridade são as seis plantas que exportaram nos últimos dois meses. “O trabalho deve ser concluído em até três semanas. O que está em questão aqui é a credibilidade do nosso sistema de certificação internacional. E precisamos ser rápidos e eficientes”, explica o secretário de Defesa Agropecuária do ministério, Luiz Rangel. O laudo sobre a planta da Seara na Região Metropolitana de Curitiba deve ficar pronto até o fim desta semana.
Para Maggi e Rangel, a foco prioritário é esclarecer todas as dúvidas do mercado internacional. Desde o início da Carne Fraca, diferentes países e blocos suspenderam total ou parcialmente a importação de proteínas brasileiras, entre eles União Europeia, Chile, Suíça, Egito, Hong Kong, China, Jamaica e México. “Nós estamos respondendo tudo”, conta Rangel.
Embora não possam exportar, as unidades poderão continuar com as vendas no mercado interno. Apesar disso, segundo Maggi, não há diferença entre o consumidor brasileiro e estrangeiro. “Mas há essa preocupação com a imagem, já que estamos seguros da qualidade dos produtos. Não entanto, não podemos entrar numa lista negra. Aqui somos autoridade máxima e podemos assegurar a qualidade. No exterior, precisamos respeitar as regras”, explica.