O Ministério da Agricultura usou uma unidade da Seara (JBS) na Lapa, cidade da Região Metropolitana de Curitiba, para tentar acalmar o mercado nacional e internacional sobre a qualidade da carne produzida pelo país. Nesta terça-feira (21), o ministro da agricultura, Blairo Maggi, visitou à planta, que foi alvo de busca e apreensão na Operação Carne Fraca, que apura o envolvimento de fiscais agropecuários em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos.
Fiscalização
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, admitiu que a quantidade de fiscais agropecuários está aquém do necessário. No entanto, ele garantiu que todas as plantas no Brasil contam com um funcionário do Ministério da Agricultura. “Seria preciso contratar pouco mais 140 funcionários. No entanto, por questões orçamentárias, isso não é possível”, lamenta. Atualmente, segundo dados do MAPA, existem cerca de 2,3 mil profissionais atuando na área de fiscalização. Por causa da Operação Carne Fraca, 33 foram afastados.
Acompanhado de jornalistas de diferentes veículos do Brasil e exterior, inclusive da China, Maggi conheceu partes da linha de produção da unidade, a única entre os 21 estabelecimentos citados que exporta frango para o gigante asiático. Só em 2016, 60 mil toneladas abasteceram o mercado chinês. Na Lapa, a JBS emprega 1,8 mil funcionários e abate 190 mil frangos por dia.
O ministro elogiou a infraestrutura, que tem 40 anos, e disse que a ‘inspeção’ foi uma oportunidade para que as pessoas pudessem atestar a excelência da carne nacional.
A Seara da Lapa não foi citada no relatório da Polícia Federal por problemas sanitários, mas por suspeita de corrupção por parte de um dos funcionários.
Diplomático, Maggi não entrou em confronto com a Polícia Federal. “Não vamos entrar em confronto com a Polícia. Ela é independente e está fazendo o trabalho dela. O que nós estranhamos foi o Ministério, com seus laboratórios de análise e especialistas, não ter sido procurado”. Sobre a qualidade, Maggi foi enfático. “Estamos no comando e no controle desta situação e não há risco nenhum para ninguém”.
Agilidade
A visita à unidade da JBS na Lapa foi a primeira de uma série de inspeções que serão aplicadas por técnicos do Ministério da Agricultura nas 21 empresas citadas na Carne Fraca. Segundo o órgão, a prioridade são as seis plantas que exportaram nos últimos dois meses. “O trabalho deve ser concluído em até três semanas. O que está em questão aqui é a credibilidade do nosso sistema de certificação internacional. E precisamos ser rápidos e eficientes”, explica o secretário de Defesa Agropecuária do ministério, Luiz Rangel. O laudo sobre a planta da Seara na Região Metropolitana de Curitiba deve ficar pronto até o fim desta semana.
Para Maggi e Rangel, a foco prioritário é esclarecer todas as dúvidas do mercado internacional. Desde o início da Carne Fraca, diferentes países e blocos suspenderam total ou parcialmente a importação de proteínas brasileiras, entre eles União Europeia, Chile, Suíça, Egito, Hong Kong, China, Jamaica e México. “Nós estamos respondendo tudo”, conta Rangel.
Embora não possam exportar, as unidades poderão continuar com as vendas no mercado interno. Apesar disso, segundo Maggi, não há diferença entre o consumidor brasileiro e estrangeiro. “Mas há essa preocupação com a imagem, já que estamos seguros da qualidade dos produtos. Não entanto, não podemos entrar numa lista negra. Aqui somos autoridade máxima e podemos assegurar a qualidade. No exterior, precisamos respeitar as regras”, explica.
Superintendência do Mapa no PR será técnica, e não política, garante ministro
Nesta segunda-feira (20), o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, determinou intervenção nas superintendências da pasta no Goiás e no Paraná, onde a Polícia Federal encontrou indícios de irregularidades na Operação Carne Fraca.
Funcionários do ministério que atuam em Brasília serão deslocados para esses dois Estados com a missão de “dar uma limpa” nos procedimentos. Nesta terça-feira, durante uma visita na unidade da JBS na Lapa, Maggi disse que os nomes serão indicados pessoalmente por ele. “Serão nomes técnico, não políticos”, garante.
Ainda de acordo com o ministro, os nomes dos interventores serão anunciados em breve . “Muitas vezes, as nomeações são realmente políticas, mas isso acontece por uma pressão natural, seja da bancada do estado ou por outros grupos. E isso não acontece necessariamente para obtenção de vantagens pessoais, mas por uma guerra de poder político. Para evitar influências de grupos, vou nomear alguém de fora”, salienta.
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