O fundo soberano da Noruega, o maior do mundo, com US$ 1 trilhão em ativos, decidiu excluir a JBS de sua carteira de investimentos, alegando que há “riscos inaceitáveis”. Em comunicado divulgado nesta terça-feira, 10, pelo Norges Bank Investment Management, o braço do Banco Central norueguês responsável pela administração da carteira. O fundo diz que a JBS está envolvida em “corrupção bruta”. O fundo tinha 1,117 bilhão de coroas norueguesas aplicadas na companhia brasileira, o equivalente a US$ 143 milhões, de acordo com o balanço de dezembro de 2017.
A decisão dos noruegueses ocorre mais de um ano após estourar o escândalo de corrupção de agentes públicos pela JBS; no dia 17 de maio de 2017 o colunista Lauro Jardim revelava, no site do jornal O Globo, que o dono do frigorífico JBS, Joesley Batista, havia entregue ao Ministério Público Federal a gravação de uma conversa com o presidente Michel Temer em que relatava suposta compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Na delação premiada dos irmãos Batista, foram implicados quase dois mil políticos e agentes públicos, acusados de receber propina para favorecer negócios com empresas do grupo J&F.
O fundo norueguês tinha ao final de 2017 uma fatia de 1,78% do capital da JBS. Os noruegueses, que usam recursos provenientes do petróleo no fundo soberano, possuem as ações da empresa de alimentos brasileira desde ao menos 2008. Os dados mostram que foi em 2016 que as compras de ações da JBS se intensificaram, subindo de 228 milhões de coroas norueguesas em 2015 para 1,155 bilhão no ano seguinte.
No mesmo comunicado que anuncia a exclusão da JBS de seus investimentos, o fundo da Noruega comunica a exclusão de outras três empresas, as norte-americanas PacifiCorp e Tri-State Generation and Transmission Associatio, ambas do setor de energia, pelo uso de carvão térmico, que fere as práticas de ética do fundo. Outra excluída foi a companhia Luthai Textile, da China, que atua no segmento têxtil, por constantes “violações dos direitos humanos”.
No dia 1º de março, o comitê de ética do fundo soberano da Noruega recomendou a exclusão dos investimentos na JBS, segundo o comunicado. A decisão foi publicada hoje pelo Norges Bank. O banco argumenta que ex-executivos e diretores da JBS admitiram publicamente o pagamento de propinas para mais de 1,8 mil políticos, de 28 partidos brasileiros, nos últimos 10 a 15 anos.
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